UM
NOVO ESTADO EM QUE CRISTO É FORMADO EM NÓS (cap. 8:8-10)
Paulo também fala de dois estados diferentes em que os homens estão, enquanto
vivem e se movem nessas esferas. O primeiro estado ele denomina como: “na carne”. Ele diz: “Portanto, os que estão na carne não podem
agradar a Deus. Vós, porém, não estais na carne”. Ao afirmar isso, ele
deixa claro que, enquanto homens não salvos do mundo (“os [eles]”) estão na
carne, os crentes (“vós”) não estão.
Tenhamos em mente que ele está falando do que é característico de incrédulos e crentes. Ele não está levando em
consideração que os crentes podem às vezes viver em um estado que é anormal ao
Cristianismo. Às vezes os Cristãos podem agir na carne (de uma forma carnal),
mas o que é característico deles é que não estão “na carne”. Assim, os Cristãos têm a carne neles, mas eles não estão na carne!
Isso pode soar confuso, mas essas são duas coisas diferentes. Uma está se
referindo à natureza pecaminosa que reside no crente (e será o caso até que o Senhor
venha, ou até que o crente morra), e a outra está falando de um estado ou
condição carnal, a qual Paulo diz enfaticamente que o crente não vive
(caracteristicamente).
Continuando para completar seu
pensamento, Paulo diz que os crentes estão “no
Espírito” – que é o outro estado contrastante. Ele qualifica isto
acrescentando, “se é que o Espírito de
Deus habita em vós”, simplesmente porque não é possível viver no Espírito
se a pessoa não tem o Espírito habitando nela. Assim, Paulo mostra que existe
algo como o Espírito estando no
crente, assim como o crente estando no
Espírito. Mais uma vez, estas são duas coisas diferentes. O Espírito habitando
no Cristão é algo posicional ligado à nossa nova posição diante de Deus em
Cristo. Todos os Cristãos têm essa habitação. Em relação a isto, Paulo diz: “se alguém não tem o Espírito de Cristo,
esse tal não é d’Ele”. Isso não significa que se uma pessoa não tem o
Espírito Santo, ela está perdida. Ele está simplesmente afirmando que sem o
Espírito habitando, o filho de Deus não está na posição Cristã plena, da qual Paulo está
dando um esboço neste capítulo. O homem que lutava no capítulo 7 seria um
exemplo de alguém nesse estado anormal. Ele é nascido de Deus e, portanto, não
está perdido; mas ele não tem o Espírito e, portanto, não está na posição
Cristã plena. Note que Paulo não diz: “Ele não pertence a Cristo”, como algumas
traduções afirmam erroneamente, pois todas as almas (salvas e perdidas)
pertencem a Cristo, porque Ele as comprou na cruz (Mt 13:44 – “o campo”; Hb 2:9 – “por todos”). Esse não é o ponto que
Paulo está tocando aqui. Ele está dizendo que tal pessoa, com quem Deus começou
a obra do novo nascimento, não é “de”
Cristo na nova ordem da criação, até que receba o Espírito Santo (Gl 3:29; Hb 2:11).
“No
Espírito” refere-se a um novo estado ou condição espiritual
que existe nos Cristãos, na qual o Espírito forma neles as características
morais de Cristo. Para denotar isso, Paulo usa a expressão “o Espírito de Cristo” quando se refere a essa obra especial do
Espírito. Assim, sendo possuídos pelo Espírito de Cristo, os Cristãos se
tornam, em seu andar e seus caminhos, como Cristo. O poder formador do Espírito
opera em nós quando nossos corações estão absorvidos com Cristo e Suas coisas
(2 Co 3:18), mas Paulo não está falando aqui de como isso é realizado. Ele está
simplesmente afirmando que essa obra do Espírito nos crentes é uma
característica do Cristianismo normal.
V. 10 – Então, resultante desta obra,
Paulo diz: “E, se Cristo está em vós, o corpo, na verdade,
está morto por causa do pecado,
mas o espírito vive por causa da justiça”. Aqui, ele usa a palavra “se” de forma diferente da que usou no
versículo anterior. No versículo 9, é um se
de condição; aqui é um se de
argumento. “Se”, usado condicionalmente, tem a ver com a questão de saber se
algo é assim ou não. Ao passo que, quando “se” é usado na construção de um
argumento, ele poderia ser substituído por “desde que”. O ponto de Paulo aqui é
que desde que o Espírito de Cristo tem Sua legítima influência no crente, e o
caráter de Cristo é formado nele pelo Espírito, ele não é mais governado por
seus apetites carnais e concupiscência. O corpo do crente é considerado “morto” quando o Espírito lhe ministra
o que é realmente “vida”,
energizando-o para viver em “justiça” prática.
Ele nos faz viver no bem da vida ressurreta em comunhão com Deus, e nessa
função, Ele é chamado de “o Espírito vive”.
Lembremo-nos de que Paulo está falando do que caracteriza o estado Cristão
normal, e não do que certos crentes podem experimentar em suas vidas quando seu
estado deixa a desejar.
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