segunda-feira, 8 de outubro de 2018

Apresentando-se sob o Princípio da Substituição


Apresentando-se sob o Princípio da Substituição

Cap. 6:13 – Poderíamos perguntar: “Como o raciocínio, a partir da perspectiva do novo ‘eu’, pode nos libertar da tentação quando ela ataca?” É bem verdade que conhecer certos pontos da doutrina e ter boa mente não são suficientes; deve haver uma apresentação a Deus. Paulo diz: “Nem tão pouco apresenteis os vossos membros ao pecado por instrumentos de iniquidade; mas apresentai-vos a Deus, como vivos dentre mortos, e os vossos membros a Deus, como instrumentos de justiça”. Ele introduz aqui o princípio da substituição[1]. Ele diz que desde que nós somos “como vivos dentre mortos” e vivendo nessa nova esfera de vida para Deus que foi aberta para nós na ressurreição de Cristo, no poder dessa vida, podemos agora recusar a carne. Não precisamos mais apresentar os “membros” de nossos corpos (nossos ouvidos, olhos, mãos, pés etc.) aos desejos da carne. Vivendo nessa esfera de vida com o que temos em Cristo em comunhão com Deus, haverá o poder prático para resistir à carne. No capítulo 8, Paulo nos mostrará que esse poder não é resultado de nossos esforços pessoais para manter a carne rebaixada, mas pelo Espírito Santo trabalhando em nós para neutralizá-la.
Nota: devemos apresentar-nos “como vivos dentre mortos” – isto é, desde a perspectiva daqueles que vivem nessa nova esfera de vida com Deus. Se tentarmos nos apresentar à justiça, mas ao mesmo tempo, estivermos vivendo nossas vidas no antigo estado de Adão, falharemos miseravelmente. Recordamos de um irmão que lutava contra as concupiscências da carne que controlavam sua vida, queixando-se de que a libertação da carne prometida pelo Cristianismo não funcionava. Essencialmente, ele culpou Deus por prometer algo que não estava acontecendo em sua vida como ele achava que deveria estar. Mas quando sua vida foi examinada, descobriu-se que ele se cercava de quase todos os objetos e atividades mundanos imagináveis ​​– livros, revistas, vídeos, músicas, jogos, companheiros mundanos, etc. Ele vivia nesse ambiente todos os dias desde a manhã até a noite. É evidente que seu problema era que ainda vivia no antigo estado de Adão (ou esfera de vida) ao qual o Cristão está declaradamente morto e separado – e esperava estar livre da influência e do domínio do pecado! Ele estava fazendo exatamente aquilo que Paulo insiste nos versículos 1-2, que não devemos fazer. Ele continuava em pecado (o estado), depois de ser salvo. Não era de admirar por que a carne estava se impondo em sua vida e ele estava experimentando uma “falta de energia”.
No entanto, quando estamos ocupados com a bem-aventurança do que é nosso nesta nova esfera de vida em comunhão com Deus, não seremos controlados pelo pecado. Esse novo estado no qual Cristo vive para Deus é caracterizado pelas “coisas do Espírito” (cap. 8:5). Essas são coisas espirituais relacionadas aos interesses de Cristo. São coisas como: ler as Escrituras, orar, participar de reuniões Cristãs para adoração e ministério, cantar hinos e cânticos espirituais, ler literatura Cristã, ouvir ministério Cristão gravado, ensinar a verdade, compartilhar o evangelho, meditar nas coisas espirituais ao ocupar-nos de nossas responsabilidades diárias, servindo ao Senhor com boas obras, visitando, etc. Vivendo nesta esfera, o poder do Espírito será evidente em manter a carne sob controle (cap. 8:2).
Assim, o princípio da substituição é o segredo do poder moral. Este princípio é encontrado em vários lugares nas Escrituras. Por exemplo, “Manteiga e mel comerá, até que ele saiba rejeitar o mal e escolher o bem” (Is 7:15). Leite e mel eram coisas boas relacionadas à herança de Israel (Êx 3:8; Dt 11:9). Eles tipificam as ricas coisas espirituais de nossa herança celestial (1 Pe 1:4). Quando estas coisas são apreciadas, o mal pode ser evitado. Gálatas 5:16 diz: “Digo, porém: Andai em Espírito, e não cumprireis a concupiscência da carne”. Isto é, quando vivemos em nossa apropriada esfera Cristã de vida (“em Espírito”), o poder do Espírito vai manter a carne sob controle.
 “Apresentar” é mencionado duas vezes neste versículo, mas cada ocorrência tem um tempo verbal diferente no grego. Um está no tempo presente ou contínuo: “Nem tão pouco apresenteis os vossos membros ao pecado por instrumentos de iniquidade”. Isso significa que em nenhum momento devemos pensar em nos apresentar ao pecado. O outro é o tempo verbal aoristo, que se refere a algo para ser feito de uma vez por todas: “mas apresentai-vos a Deus”. Este deve ser um ato consumado. (“vos” incluiria nossos espíritos, almas e os membros de nossos corpos, etc.) Há, portanto, algo que deveríamos estar fazendo diariamente – isto é, não continuar “apresentando” (NASB) os membros de nossos corpos como instrumentos de injustiça. E também há algo que deveríamos ter feito de uma vez por todas – que é “apresentar” nós mesmos e nossos membros como instrumentos de justiça.
Cap. 6:14 – Paulo conclui afirmando enfaticamente: “Porque o pecado não terá domínio sobre vós”. Isto é, literalmente, “O pecado não governará como senhor sobre você”. Isto é uma promessa. Não é o que poderia ser, ou o que esperamos ter, mas o que teremos em nossas vidas se aplicarmos esses princípios de libertação a nós mesmos. Paulo acrescenta outra coisa: “pois não estais debaixo da lei, mas debaixo da graça”. A lei é um sistema de demanda, mas a graça é um sistema de oferta. Deus não está demandando dos crentes poder para andarem corretamente porque Ele sabe que não o temos. Ele, portanto, oferece-nos poder!
As reivindicações da lei supõem que temos poder para obedecer aos seus mandamentos – e podemos ter pensado (equivocadamente) que tínhamos esse poder – mas a graça supõe que não temos absolutamente nada. Isso nos ensina que, vivendo em vida ressurreta no poder do Espírito Santo – naquela esfera de coisas onde Cristo vive para Deus – obtemos Seu poder vitorioso em lugar de nossa própria completa impotência.

Corra João e viva, a lei ordena vá,
No entanto, nem pernas ou mãos há;
Excelentes novas o evangelho traz,
Estimas-me voar e asas me dás.

A lição básica que devemos aprender com esta passagem é que a verdadeira santidade não será efetivada em nossas vidas por nossos próprios esforços, mas pelo poder da graça que opera em nós. H. Smith disse: “Estar debaixo da graça não apenas traz bênçãos para nós, mas nos sustenta e nos capacita a vencer... Uma pessoa insubmissa [que não se apresenta] está sempre em perigo de pecar, mas uma pessoa submissa [que se apresenta a Deus] será fortalecida com poder pela graça de Deus”. A libertação, portanto, só pode ser operada pelo princípio da substituição.
Para resumir até agora, tivemos três coisas diante de nós na primeira metade do capítulo 6: 
  • Aprendendo de Deus (vs. 1-11).
  • Considerando com Deus (v. 12).
  • Apresentando-se a Deus (vs. 13-14).


[1] N. do T.: H. P. Barker deu a seguinte conveniente ilustração sobre o princípio da substituição, dizendo: "Suponha que eu tenha em minha mão um copo, aparentemente vazio. Na verdade, ele está cheio de ar. Como posso esvaziá-lo do ar? Não por agitá-lo freneticamente com a boca para baixo, nem limpando-o com um pano. Ele é esvaziado por simplesmente estar parado em uma mesa enquanto é enchido com água. Eu o esvazio de ar enchendo-o com água." (The Holy Spirit Here Today, pág. 78).

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