domingo, 7 de outubro de 2018

Saber Que o Nosso “Velho Homem” Foi Crucificado com Cristo

Saber Que o Nosso “Velho Homem” Foi Crucificado com Cristo

Cap. 6:6 – A segunda coisa que Paulo diz que precisamos saber é o significado da cruz em relação ao “velho homem”. Todo Cristão precisa entender que “nosso velho homem foi com Ele crucificado”. O “velho homem” (Rm 6:6; Ef 4:22; Cl 3:9) é um termo abstrato que descreve a condição corrupta da raça caída de Adão – seu caráter moral depravado. O termo inclui cada horrível aspecto que marca a raça humana caída. Para ver corretamente o velho homem, devemos olhar para a raça de Adão como um todo, pois é improvável que uma pessoa seja marcada por todos os terríveis aspectos que caracterizam esse estado corrupto. Por exemplo, um dos filhos de Adão pode ser caracterizado por ser raivoso, mas ele não é imoral; outro filho de Adão pode ser conhecido por não perder sua paciência, mas ele é terrivelmente imoral. Mas quando as características de todos os membros da raça são reunidas, vemos o velho homem em sua totalidade.
Paulo diz que o velho homem foi “crucificado” com Cristo. Isso significa que Deus julgou aquele corrupto e velho estado de Adão. F. B. Hole disse: “Tudo o que éramos como filhos do caído de Adão, foi crucificado com Cristo, e devemos saber disso. Não é uma mera noção, mas um fato real. Foi um ato de Deus realizado na cruz de Cristo, e é tanto um ato de Deus, e tão real, quanto é a aniquilação de nossos pecados”. Portanto, não apenas fomos separados de todo o sistema do pecado (por estarmos mortos e sepultados com Cristo no batismo), mas Deus também julgou esse estado corrupto (ao crucificar o velho homem).
 Note que Paulo não diz que a crucificação do velho homem é algo que nós devemos fazer. Não é o exercício do julgamento próprio no crente, mas sim um julgamento que Deus executou na cruz sobre todo o estado corrupto do homem caído. A cena desse julgamento foi na cruz, não dentro do coração humano. É verdade que o crente deve julgar a si mesmo (1 Co 11:31), mas esse não é o assunto aqui. Capítulo 6:1-10 é verdade posicional; a prática do crente não está em vista. Paulo está se referindo à condição ou estado caído e corrupto em que nascemos e de que fomos parte como filhos de Adão – isso foi julgado por Deus.
       Uma parte integrante de nossa confissão Cristã é que fomos “despojado do velho homem” (JND). Deus não apenas julgou o velho homem na cruz, mas confessamente temos nos despojado dele quando assumimos nossa posição como Cristãos. Efésios 4:22-32 e Colossenses 3:5-9 afirmam isso claramente. (Infelizmente, a KJV traduz essas passagens como se fosse responsabilidade do Cristão se despojar do velho homem [vos despojeis], mas essas passagens deveriam ser traduzidas como “Tendo vos despojado...”, indicando que isso é algo que já fizemos em nossa confissão de sermos Cristãos.) Como foi o caso com o julgamento do velho homem, também é o despojamento do velho homem – nenhum dos dois é realizado por um processo de exercício espiritual dentro do crente. Eles estão no tempo verbal aoristo no grego, significando que foram feitos de uma vez por todas. O argumento de Paulo em Efésios 4 e Colossenses 3 é que, se nos despojamos do velho homem ao nos tornarmos Cristãos, então, sejamos coerentes com isso e paremos de praticar as coisas que caracterizam o estado que Deus julgou e do qual professadamente nos despojamos.
Muitos usam o termo “velho homem” em substituição “a carne”, como se o velho homem fosse a nossa natureza caída pecaminosa, mas isso não está correto. O velho homem e a carne não são sinônimos. J. N. Darby observou: “O velho homem tem sido habitualmente usado de forma incorreta para referir-se a carne” (Food for the Flock, vol. 2, pág. 286). A NASB, NIV, ESV traduzem-no como “nosso velho eu”, mas isso é confundi-lo com a carne. Se o velho homem fosse a carne, então Efésios 4:22-23 e Colossenses 3:9 nos ensinariam que os Cristãos se despojaram da carne e não mas a têm em si, mas todos nós sabemos por experiência que isso não é verdade; a carne ainda está em nós. O “velho homem” nunca é dito como sendo algo em nós, mas a carne certamente o é. F. G. Patterson disse: “Não acho que a Escritura nos permitirá dizer que temos o velho homem em nós – porquanto ela ensina mais plenamente que temos a carne em nós” (A Chosen Vessel, pág. 51). Nem nos é dito para considerar morto o “velho homem” (como as pessoas costumam dizer). Isso novamente é confundir o velho homem com a carne e assumir que é algo vivo em nós que precisamos julgar. Outros erroneamente falam do velho homem como estando morto, o que novamente implica que é a velha vida que uma vez esteve viva no crente.
Portanto, não é doutrinariamente correto falar do “velho homem” como algo vivo em nós que tem apetites, desejos e emoções, como faz “a carne” (a natureza do pecado). Os Cristãos costumam dizer coisas como: “O velho homem em nós deseja coisas pecaminosas”. Ou: “Meu velho homem quer fazer isso ou aquilo que é mau...”. Novamente, essas declarações confundem o velho homem com a carne. H. C. B. G. disse: “Eu sei o que um Cristão quer dizer quando perde sua paciência e diz que é ‘o velho homem’, mas a expressão está errada. Se ele dissesse que era ‘a carne’, teria sido mais correto” (Food for the Flock, vol. 2, pág. 287).
O “velho homem” não é Adão pessoalmente e nem o “novo homem” é Cristo pessoalmente (Ef 4:24; Cl 3:10). O novo homem é um termo que denota a nova ordem moral que caracteriza a nova raça de homens sob Cristo. G. Davison disse: “O novo homem não é Cristo pessoalmente, mas é Cristo caracteristicamente”. Toda característica moral do novo homem foi vista em Sua vida em perfeição. No entanto, assim como o velho homem foi usado erroneamente como a carne (a velha natureza), o novo homem é frequentemente usado erroneamente para a nova natureza do crente. São feitos comentários como: “O novo homem em nós precisa de um objeto para o qual olhar...” ou “Precisamos nos alimentar de coisas que satisfarão o novo homem”. Essas observações estão claramente confundindo o novo homem com a nova vida em nós. Na realidade, o velho homem e o novo homem são termos abstratos que descrevem o estado das duas raças de homens sob Adão e sob Cristo.
Além disso, o “velho homem” não deve ser confundido com o “primeiro homem” (1 Co 15:47), que denota um aspecto diferente da raça humana sob Adão. O velho homem denota o estado corrupto da raça caída, enquanto o primeiro homem denota o que é natural e terreno na raça – eles não são termos idênticos. Nunca é dito do primeiro homem ser corrupto ou pecador, mas o velho homem não é nada além disso. O primeiro homem tem a ver com o que é humano e natural; é o que Deus fez no homem. Por esta razão, sobre o primeiro homem nunca é dito ser julgado por Deus (crucificado com Cristo), como é o velho homem.
Paulo acrescenta: “para que o corpo do pecado seja desfeito [anulado – JND]. Ele usa a palavra “corpo” aqui, não para se referir aos nossos corpos físicos (como alguns pensaram), mas para descrever “pecado” como todo um sistema de vida em sua totalidade. Da mesma forma, usamos a palavra “corpo” para expressar a totalidade de uma determinada coisa. Por exemplo, poderíamos dizer: “O corpo do conhecimento científico”, ou “o corpo do conhecimento médico”, etc. J. A. Trench explicava dessa maneira: “‘O corpo do pecado’ – ou seja, todo o seu sistema e força, como dissemos, o corpo de um rio... É todo o sistema e a totalidade dele”. (Truth for Believers, vol. 2, págs. 77, 83). J. N. Darby disse: “Ele [Paulo] toma a totalidade e sistema do pecado no homem como um corpo que é anulado pela morte” (Synopsis of the Books of the Bible). E. Dennett disse algo semelhante: “Pode ser bom dizer que 'o corpo do pecado' é a totalidade do pecado em sua energia dominante” (The Christian Friend, vol. 23, pág. 182).
“O corpo do pecado” não poderia estar se referindo aos nossos corpos humanos porque eles são uma criação de Deus. O corpo humano foi afetado pelo pecado – o envelhecimento e a morte provam isso – e pode estar envolvido em todo tipo de atos pecaminosos, mas o corpo humano não é caracteristicamente pecaminoso. Se nossos corpos fossem pecaminosos, Deus nunca nos diria para apresentá-los a Ele para Seu uso no serviço (Rm 12:1). (A KJV traduz Filipenses 3:21 – “nosso corpo vil”, que no inglês de hoje transmite a ideia de algo repugnante e pecaminoso. Entretanto, quando essa tradução foi feita há 400 anos, vil significava “de pouco valor”. Tg 2:2.) Para evitar esse mal-entendido, traduziu-se melhor para: “Nosso corpo de humilhação” (JND). Mais tarde, em Romanos 6, Paulo faz uma referência a nossos corpos físicos e para certificar-se de que não há mal-entendido sobre a que ele se refere, ele chama, nosso “corpo mortal (caps. 6:12, 8:11) para distingui-lo do “corpo do pecado”.
Então, o que Paulo está dizendo aqui é que no julgamento do velho homem, todo o sistema do pecado em sua totalidade foi “anulado” (JND) para o crente. A KJV traduz “desfeito” como “destruído”, mas o corpo do pecado ainda não foi destruído; nós vemos a evidência da presença do pecado em todo lugar no mundo. O pecado será destruído e, então, será inteiramente removido da criação no estado eterno. Esta é a força da observação de João Batista: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo”. (Jo 1:29). Muitos tem pensado que João estava se referindo à obra de Cristo na cruz para tirar os pecados dos crentes, mas ele estava realmente falando de uma futura obra de Cristo quando Ele removerá todos os vestígios do pecado do universo. É só então que “o corpo do pecado” será destruído e desaparecerá. Ele foi presentemente “anulado” para os crentes. Isso não significa que a natureza pecaminosa é removida de nossos corpos, mas que todo o sistema de pecado em sua totalidade foi derrotado para nós e, consequentemente, não precisamos mais ser controlados pelo poder do pecado. Essa anulação abriu o caminho para os Cristãos serem libertos dos ditames do antigo mestre (pecado) e, assim, “doravante” (KJV) não “sirvamos mais ao pecado”.
Cap. 6:7 – Paulo conclui: “Porque aquele que está morto está justificado do pecado” (v. 7). J. N. Darby disse: “A afirmação de que ‘aquele que está morto está justificado do pecado’, eu entendo que signifique, ‘você não pode acusar de pecado, de vontade própria, de concupiscência, a um homem morto’. Isso se torna verdade de nós quando estamos mortos” (Collected Writings, vol. 7, pág. 242). Assim, estando mortos com Cristo, temos um honroso livramento do antigo mestre – o pecado. 

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