Servindo
à
Justiça
Cap. 6:16 – Nos próximos
versículos, Paulo nos diz algo que todo Cristão precisa saber sobre o pecado e
a justiça prática. Ele diz: “Não sabeis
vós que a quem vos apresentardes por servos para lhe obedecer, sois servos
daquele a quem obedeceis, ou do pecado para a morte, ou da obediência para a
justiça?” Isso mostra que há um poder cativante tanto na prática do pecado
quanto na prática da justiça. Ao apresentar-nos a qualquer um deles, ficamos
sob seu poder – para o mal ou para o bem. Se nós, como Cristãos, escolhermos
viver no antigo estado de Adão (esfera de vida) e apresentar-nos ao chamado da
natureza pecaminosa, resultarão sérias consequências. Nós ficaremos sob o poder
do pecado e nos tornaremos escravos dos pecados que permitirmos! O Senhor Jesus
ensinou isso a Seus discípulos; Ele disse: “todo
aquele que comete pecado é servo do pecado” (Jo 8:34). Este é um princípio
universal que se aplica a toda a humanidade. É tão verdadeiro para um crente
quanto para um incrédulo. Assim, ao escolher pecar, violentamos nossas próprias
almas (Pv 8:36).
Todo Cristão deve aprender – e pode
ter de ser por meio da correção do Senhor – que a “liberdade” apresentada no evangelho (v. 18) não é liberdade para pecar, mas sim liberdade do pecado. Deus quer nos libertar do
poder do pecado para que possamos fazer a Sua vontade – não para que possamos
continuar pecando! O evangelho anuncia liberdade,
não permissividade. Se fomos
separados de toda aquela ordem de coisas sob Adão por nossa conexão com Cristo
sob Sua Cabeça, por que pensaríamos em viver nossas vidas Cristãs naquele
estado iníquo, quando sabemos que isso nos levará à escravidão? Como mencionado
anteriormente, quando os Cristãos escolhem pecar, isto manifesta incredulidade
no fato de que “a carne para nada
aproveita” (Jo 6:63). O problema é que ainda pensamos que há algo de bom nela
que irá servir para nossa felicidade e satisfação. E ao ceder à carne, somos
enganados por ela, e ficamos sob o poder daqueles pecados que cometemos. Deus
permite que seja assim, e usa isso como uma disciplina para corrigir nossa
atitude errada em relação ao pecado. Podemos dizer, felizmente, que para o
crente que vai nessa direção e permite pecados em sua vida, há uma saída por
meio do arrependimento e do julgamento próprio. Mas para o incrédulo, os
pecados que ele permite em sua vida apenas o levam para maior escravidão.
Como mencionado, essa servidão
funciona igualmente em ambas as linhas: “ou
do pecado para a morte, ou da obediência para a justiça?” Ao dizer: “sois servos daquele a quem
obedeceis...” Paulo personifica “pecado”
e “justiça”, e os vê como dois
mestres opostos com servidões opostas. A qualquer um desses que nos
apresentemos, dele nos tornamos servos. Como crentes no Senhor Jesus Cristo,
nos apresentado ao novo mestre (justiça), formamos novos e bons hábitos que
levam à santificação prática. Paulo vai falar mais sobre isso no versículo 19.
Uma coisa solene a considerar aqui é que, embora estejamos posicionalmente em uma nova posição diante de Deus – onde a graça
reina por meio da justiça – o pecado ainda pode ser nosso mestre praticamente, se escolhermos viver
naquele velho estado de Adão. Todo Cristão precisa considerar isso seriamente.
Cap. 6:17-18 – Paulo estava
convencido de que os crentes romanos a quem estava escrevendo tinham obedecido “de coração à forma de doutrina” à qual foram “entregues [ensinados –
JND]” (isto é, eles haviam crido na
verdade do evangelho), e assim estavam “libertados
do pecado” posicionalmente. E que eles se apresentariam como “servos da justiça” e provariam o poder
da graça trabalhando em suas vidas, produzindo santificação prática, porque
isso é Cristianismo normal. Para destacar essas duas servidões, Paulo usa a
palavra “servos” oito vezes nos
versículos 16-23.
Cap. 6:19-20 – Ele então demonstra o
caráter progressivo de se andar
em santidade (santificação prática). Ele diz: “assim como apresentastes os vossos membros para servirem à imundícia, e à maldade, para a maldade [iniquidade para a iniquidade – JND], assim apresentai agora os vossos membros para servirem à justiça para
santificação”. Os crentes romanos tinham praticado iniquidades (antes de
serem salvos) e, ao fazê-lo, só se tornavam mais iníquos; eles agora deveriam
praticar a justiça e isso resultaria em se tornarem progressivamente mais
santos. Isso mostra que é algo progressivo em ambas as direções. Assim como um
homem que pratica iniquidade torna-se cada vez mais iníquo (“iniquidade para a iniquidade”), assim
também quanto mais um Cristão pratica a justiça, mais santo ele se torna (“justiça para santificação”).
No lado negativo, um homem não se
torna um monstro de uma só vez; pode levar anos de prática do pecado. Ele pode
cometer um ato mau hoje que há cinco anos teria hesitado em cometer. Foi
relatado que Nero chorou por matar uma mosca na sua juventude, mas terminou sua
carreira rindo enquanto Roma queimava! O argumento de Paulo aqui é que, assim como
o pecado age progressivamente em uma pessoa, também a justiça age
progressivamente na vida de um crente. Toda vez que fazemos algo certo, nos
fica mais fácil o fazê-lo novamente. G. Cutting apropriadamente disse: “Toda
nova vitória lhe dará novo poder”. Assim, nos é “dado crescimento para salvação” na prática (1 Pe 2:2 – ARA). O cântico
das crianças enfatiza esse ponto – “Cada
vitória vai ajudá-lo a obter outra”. Assim, os Cristãos estão agora em uma
nova e feliz servidão como “servos [escravos – JND] da justiça”.
Uma diferença que devemos notar é
que “justiça” e “santidade” não são a mesma coisa. Justiça tem a ver com fazer as
coisas certas porque elas são certas. A santidade tem a ver com fazer as coisas
certas porque você ama o que é certo e odeia o mal.
Cap. 6:21-23 – Paulo conclui
apontando para a incrível diferença nos resultados dessas duas servidões
opostas. Ele pergunta aos crentes romanos que considerem o fim do curso o qual
trilhavam antes de serem salvos – “E que
fruto tínheis então das coisas de que agora vos envergonhais? Porque o fim
delas é a morte?” Que proveito havia nisso? Só trouxe a morte em todos os
sentidos. Mas tendo sido libertados, Paulo lhes diz para olharem os grandes e
bons resultados que agora estavam sendo produzidos em suas vidas; havia “fruto para santificação, e por fim a vida
eterna”. Eles estavam agora livres para fazer a vontade de Deus em comunhão
com Deus, e o caminho que agora estavam trilhando terminaria em glória num dia
vindouro. (Como no capítulo 5:21, Paulo vê aqui a “vida eterna” como algo que alcançaremos no fim do caminho da fé,
quando chegarmos ao céu em estado glorificado. É claro que também a temos
agora, que o apóstolo João chama de “vida
eterna” – Jo 3:16, 36, etc., ver tradução J. N. Darby).
O versículo 22 é uma espécie de
resumo da verdade apresentada no capítulo 6. Ele diz:
- Somos feitos “livres do pecado”.
- Tornamos-nos “servos de Deus”.
- Temos o nosso “fruto para a santificação”.
- O “fim é a vida eterna”.
V. 23 – A conclusão de toda a
questão é: “o salário do pecado é a
morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus nosso
Senhor”. Como mencionado, um curso conduz à “morte” e o outro conduz à “vida”.
“O salário do pecado” mencionado
aqui é muitas vezes considerado como pecados (más ações) que os homens cometem.
Os evangelistas usarão esse versículo para dizer aos pecadores que, como
consequência de seus pecados, eles morrerão e irão para o inferno. Mas devemos
ter em mente que esta seção da epístola não está tratando de pecados, mas sim
do pecado, a natureza má e pecaminosa no crente. Paulo já mostrou no capítulo 5
que a morte na raça humana não é o resultado de pecados pessoais, mas o
resultado de ser descendente de uma cabeça caída. A morte pode levar uma
criança com apenas um dia de vida. É claro que a morte não a levou porque a
criança é culpada de pecar, mas porque ela tem uma natureza pecaminosa e os
efeitos do seu agir em seu corpo causaram a morte. Além disso, os crentes no
Senhor Jesus Cristo, cujos pecados são perdoados, ainda morrem. Se os pecados
deles causassem sua morte, poderíamos erroneamente concluir que Deus não os
perdoou afinal de contas! Sobre este versículo, J. N. Darby disse que “não é um
apelo aos pecadores como às vezes é usado, mas àqueles já libertos” (Synopsis of the Books of the Bible on
Romans 6:23).
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