Duas
Cabeças Federais
Em um parêntese (vs. 13-17), Paulo
mostra que cabeça federal se aplica tanto a Adão quanto a Cristo. Cada um é a
cabeça de uma raça de homens, e suas ações como tal tiveram um grande efeito
sobre suas raças.
Cap. 5:13-14 – Paulo começa com
Adão. Ele mostra que como cabeça da raça humana, Adão agiu para a raça
(negativamente), e sua posteridade é vista como tendo agido com ele, mesmo que
eles não existissem no momento de sua ação. Assim, quando Adão pecou, ele
constituiu toda uma raça de pecadores (v. 19). Isso não significa que somos
responsáveis pelo pecado de Adão, nem significa que somos responsáveis por
termos a natureza pecaminosa.
Mesmo antes de a Lei ser dada, nos
dias “desde Adão até Moisés” (cerca
de 2.500 anos), quando os homens não tinham um comando direto de Deus, como
Adão teve, “a morte reinou”. Os
homens naqueles dias “não pecaram à
semelhança da transgressão de Adão” quebrando um mandamento conhecido,
ainda assim os efeitos do pecado foram sentidos por eles, na medida em que
todos morreram – com exceção de Enoque (Hb 11:5). Adão recebeu um mandamento
direto (oral) de Deus (Gn 2:16-17), então sua desobediência foi uma
transgressão definitiva. Mas os homens naqueles primeiros dias (antes de a Lei
ser dada) não tinham um código legal de Deus; seu único guia eram suas
consciências. Já que não havia nenhum mandamento declarado de Deus durante
aquele período, nenhuma transgressão poderia ser “imputada [colocada à conta]”
contra os pecadores. O argumento de Paulo aqui é que, independentemente de
haver ou não uma lei declarada, o pecado estava no mundo, e isso pode ser
provado pelo fato de que a morte manteve seu domínio sobre toda a raça durante
esse tempo.
Paulo então diz que Adão é uma “figura daqu’Ele que havia de vir”
(v.14b). Isso se refere a Cristo. Isso mostra que Ele também é um Adão – isto
é, a cabeça de uma raça de homens. De fato, como Cabeça de Sua raça, Cristo é
chamado, “o último Adão” (1 Co
15:45). Ele é o “último” Adão porque
nenhuma outra raça de homens virá de Deus. Esta nova raça sob Cristo é
perfeita; não há necessidade, portanto, de Deus trazer outra raça de homens à
existência depois desta. A raça de Cristo é completamente nova e diferente em
caráter da raça de Adão, sendo uma “nova
criação” de Deus (2 Co 5:17 – ATB; Ap 3:14). As duas cabeças das duas raças
são distinguidas nas Escrituras pelas frases técnicas: “em Adão” e “em Cristo”
(1 Co 15:22).
Cristo Se tornou Cabeça de Sua raça
da nova criação na ressurreição, e assim Ele
é “o Primogênito entre muitos irmãos”
(Rm 8:29; Cl 1:18; Hb 1:6, 2:11-13; Ap 1:5). “Primogênito”, neste sentido, não se refere a ser o primeiro em
ordem de nascimento de uma família, embora o Senhor fosse isso (Mt 1:25), mas
em ser o primeiro em ordem e
posição, tendo um lugar de preeminência entre outros. “Primogênito” é usado em vários lugares nas Escrituras dessa
maneira. (Compare Gn 25:25 com Êx 4:22; 1 Cr 2:13-15 com Sl 89:27; Gn 48:14 com
Jr 31:9). Como o “Primogênito”, o
Senhor “não Se envergonha” de chamar
aqueles de Sua raça de Seus “irmãos”,
porque são do mesmo tipo que Ele e, portanto, são inteiramente adequados a Ele
(Gn 1:25, 2:21-23; Hb 2:11).
Cap. 5:15 – Paulo argumenta: “Mas não será o ato de favor como a ofensa?”
(JND). A resposta é “sim”. Quão
certamente a “ofensa” de Adão, como
cabeça federal, afetou toda a raça sob ele, o “ato de favor” de Cristo, como cabeça federal de Sua raça, afetou a
todos sob Ele. Esta é uma grande semelhança entre Adão e Cristo; por um ato,
cada um deixou uma marca em sua raça, embora ambas as raças não existissem no
momento de suas ações. Isso é enfatizado no duplo uso de Paulo da palavra “muitos”. O primeiro “muitos” no versículo 15 refere-se a
todos sob a cabeça de Adão que se tornaram sujeitos à morte como resultado da
transgressão de Adão – toda a raça humana. O segundo “muitos” refere-se a todos os que fazem parte da nova raça da
criação sob Cristo – apenas os crentes.
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