terça-feira, 23 de outubro de 2018

Três Grandes Doxologias Paulinas


Três Grandes Doxologias Paulinas
  • Doxologia pela sabedoria de Deus (Rm 11:33-36).
  • Doxologia pelo amor de Deus (Ef 3:20-21).
  • Doxologia pela graça de Deus (1 Tm 1:17)


Doxologia de Paulo


Doxologia de Paulo

Vs. 33-36 – Nesse ponto, Paulo atingiu o ápice da verdade na epístola. Como um alpinista que alcançou o pico da montanha que estava subindo e se vira para olhar para trás, para ver até onde ele chegou, Paulo olha para o rastro de misericórdia e graça que ele expôs nos capítulos anteriores, e espontaneamente irrompe em uma doxologia[1] de louvor a Deus por Sua sabedoria e caminhos. Nada poderia ser mais apropriado para tal história de graça! Ela descreve o que deveria ser a reação de todo Cristão.
Nesta doxologia, vemos que o coração do apóstolo está cheio de louvor e admiração pelo grande plano de Deus para salvar e abençoar tanto judeus como gentios. Sete grandes atributos de Deus são mencionados: as “riquezas”, a “sabedoria”, a “ciência”, os “juízos”, os “caminhos”, o “intento [mente] e o “conselho” de Deus. Todas essas coisas trabalharam juntas para garantir nossa bênção de uma maneira que está além do entendimento.
Paulo termina reconhecendo que todo bem e bênção têm sua fonte no próprio Deus; é tudo “d’Ele”. Tudo o que Ele trouxe para a bênção do homem é “por Ele” e, finalmente, retornará “para Ele” para Sua própria glória. Isso mostra que Deus é a Fonte de todo bem, o Agente de todo bem e o Objeto de todo bem. Tudo foi planejado para trazer “glória” a Ele, e trará glória a Ele no dia da manifestação de Cristo. Paulo justamente conclui a doxologia com um caloroso “Amém” (“Assim seja”).


[1]  Provém do latim doxologia, que por sua vez vem do termo grego doxa, que significa “opinião” ou “glória”, com o sufixo -logia, que se refere à expressão oral ou escrita. Portanto, “doxologia” é uma expressão oral ou escrita de louvor e glorificação.

Três Expressões Usadas nas Escrituras em Conexão com os Gentios


Três Expressões Usadas nas Escrituras em Conexão com os Gentios

  • “Os tempos dos gentios” (Lc 21:24) – Refere-se ao período de tempo em que “o trono do Senhor”, que denota o Seu poder no governo (1 Cr 29:23), foi transferido para os gentios (Dn 2:37, 5:18-19), por conta do fracasso de Israel (2 Cr 36:14-21). Este período de tempo começou em 606 a.C. e se encerrará na Aparição de Cristo (Lc 21:24-28). O governo da Terra durante esse tempo passou por quatro sucessivos impérios gentios – os babilônios, os medos e persas, os gregos e os romanos. Durante o governo romano, Deus introduziu um interposto chamado celestial da Igreja pelo evangelho como um parêntese em Seus tratos com a Terra, após o qual “o trono do Senhor” será novamente dado ao Israel redimido e estabelecido em Jerusalém quando Cristo reinará como Rei sobre toda a Terra (Jr 3:17; Dn 2:35, 44; Zc 14:9; Sl 47:7).
  • “A plenitude dos gentios” (Rm 11:25) – Refere-se ao número completo de pessoas eleitas que crerão no evangelho da graça de Deus, pregado hoje entre os gentios.
  • “A riqueza dos gentios” (Rm 11:12) – Refere-se ao especial favor que Deus estendeu aos gentios, dando-lhes a oportunidade de ouvir o evangelho.


As Escrituras Afirmam Que O Senhor Virá De Sião E Salvará Israel


As Escrituras Afirmam Que O Senhor Virá De Sião E Salvará Israel

Cap.11:26-32 – Isto leva Paulo a uma terceira prova de que Deus não terminou com Seu tratamento com Israel – a Palavra de Deus (particularmente os Profetas do Velho Testamento) afirma claramente que o Senhor salvará “todo o Israel”. Como isso claramente não aconteceu ainda, é uma promessa que ainda está para ser cumprida. Se Deus prometeu com Sua Palavra que fará isso, Ele não pode voltar atrás. Se Ele fosse voltar em Sua Palavra, então Ele teria mais a perder do que Israel teria! Ele perderia Sua honra e reputação, e Se mostraria ser um Deus que não pode ser confiado! Já que Ele não pode e não negará a Si mesmo, Sua Palavra permanecerá. “Deus não é homem, para que minta; nem filho do homem, para que Se arrependa: porventura diria Ele, e não o faria? ou falaria, e não o confirmaria?” (Nm 23:19).
Ao dizer que todo o Israel será salvo”, sabemos pelo que Paulo já nos ensinou no capítulo 9:6-8 que isso se refere a todos os verdadeiros israelitas. Isto é, aqueles que não têm apenas a linhagem de Abraão, mas também a fé de Abraão. O aspecto da salvação aqui não é apenas aquele da alma, mas também literalmente – salvo de seus inimigos e estabelecido como nação no futuro reino milenar de Cristo (vs. 26-27). Paulo cita Isaías 59:20-21 como um exemplo de uma profecia que ainda precisa ser cumprida em conexão com a bênção nacional de Israel.
Vs. 28-29 – Ainda falando aos gentios, Paulo mostrou que Deus tem bênção para Israel e para os gentios, mas de duas maneiras diferentes e em dois momentos diferentes. Ele diz: “quanto ao evangelho, [eles] são inimigos por causa de vós. Os gentios podem agradecer a Deus por Israel ter tropeçado, porque isso lhes abriu a porta. Mas isso não significa que está tudo acabado para Israel. Ele diz: “Mas, quanto à eleição, amados por causa dos pais”, e serão abençoados algum dia no futuro. Ele nos assegura isso, afirmando que “Porque os dons e a vocação de Deus” em conexão com Israel são “sem arrependimento”. Isto é, Deus não Se arrependerá (mudar de ideia) do que prometeu a Israel. Portanto, as promessas feitas aos pais e as profecias feitas por seus profetas a respeito da bênção de Israel são certas.
Vs. 30-32 – Paulo conclui suas observações declarando que quando se trata da bênção de Deus para o homem, seja para judeus ou para gentios, tudo se resume a Sua soberana bondade e misericórdia. Enquanto os gentios “agora alcançaram misericórdia” pela “desobediência [incredulidade – JND] de Israel, “eles (Israel) também alcançarão misericórdia” da mesma maneira no futuro. Assim, “Deus encerrou a todos debaixo da desobediência [incredulidade – JND], para com todos usar de misericórdia”. Por isso, o evangelho que Paulo pregou não entrou em conflito algum com as promessas de Deus a Israel.

O Mistério do Endurecimento de Israel – Uma Coisa Temporária


O Mistério do Endurecimento de Israel – Uma Coisa Temporária

V. 25 – Paulo então diz que não queria que os irmãos fossem “ignorantes” do “mistério” (JND) do endurecimento [da cegueira – JND] de Israel. É bem possível que pudéssemos crescer em orgulho (“para que não presumais de vós mesmos”), pensando que somos melhores que Israel. É apenas “endurecimento [cegueira] em parte que aconteceu a Israel porque existe um remanescente que acreditou no evangelho. E, que a cegueira somente continuará “até que a plenitude dos gentios haja entrado”. Isto se refere ao número completo de pessoas eleitas que crerão no evangelho que está sendo pregado hoje. O Senhor então levará a Igreja para casa ao céu no Arrebatamento (Jo 14:2-3; 1 Ts 4:15-18). Depois disto, o Senhor retomará novamente com Israel e os judeus então entrarão no “tempo de angústia para Jacó” (Jr 30:7), também chamado de “tempo em que a que está de parto tiver dado à luz” (Mq 5:3) a “grande tribulação” (Mt 24:21). Por meio da pressão intensa desta provação, um remanescente de judeus tementes a Deus “se converterão ao Senhor” em arrependimento sobre o pecado nacional de tê-Lo crucificado (2 Co 3:16a). Veja também Isaías 53. Imediatamente, “o véu” que tem estado sobre seus olhos e corações “se tirará” (2 Co 3:16b). “E olharão para Mim, a Quem traspassaram; e O prantearão” em arrependimento (Zc 12:10), e então o Senhor abrirá uma “fonte” (figurativamente) para a purificação de seus pecados; pela qual eles serão restaurados a Ele (Zc 13:1). “E naquele dia os surdos ouvirão as palavras do livro, e dentre a escuridão e dentre as trevas as verão os olhos dos cegos” (Is 29:18). E novamente: “E os olhos dos que veem não olharão para trás: e os ouvidos dos que ouvem estarão atentos” (Is 32:3).

A Oliveira


A Oliveira

Vs. 17-22 – A ilustração da “oliveira” mostra que Deus teve um desprazer governamental de Deus contra Israel (por causa de sua incredulidade), e assim eles foram removidos de seu lugar de favor e privilégio, que foi dado aos gentios. Isso não significa que as bênçãos de Israel tenham sido espiritualmente transferidas para a Igreja – o erro da Teologia Reformada (ou Teologia da Aliança ou da Substituição). A passagem diz respeito ao privilégio de Israel de estar em um lugar de associação externa com Deus, não às bênçãos de Israel sendo dadas à Igreja.
Israel havia ocupado aquele lugar de privilégio, assim como os ramos naturais da oliveira estavam ligados à “raiz”. Mas pela sua desobediência e, finalmente, sua rejeição de Cristo, aqueles “ramos” foram “quebrados”, e ramos de um “zambujeiro [oliveira brava] (os gentios) foram “enxertados”. Os ramos da oliveira brava se referem àqueles da profissão Cristã (que é composta em grande parte por gentios – At 15:14, 28:28). Os ramos nesta passagem não se referem a crentes, mas à pessoas (algumas reais e outras não), estando em um lugar de favor exterior com Deus. Assim, os ramos da oliveira brava não representam a Igreja, mas aqueles que professam a fé em Cristo neste Dia da Graça. (Se os ramos fossem verdadeiros crentes, então estaria sendo ensinado que é possível para um crente perder sua salvação, porque o versículo 22 declara que eles serão “cortados” se não continuarem na bondade de Deus. As Escrituras ensinam que isso é impossível; os crentes estão eternamente seguros – Jo 10:27-28, etc.).
O fato de que a passagem é escrita para aqueles que representam os ramos de oliveira brava mostra que, no tempo em que Paulo escreveu esta epístola, Israel era visto como já tendo sido colocado de lado nos caminhos de Deus. Note também que ele diz que “alguns” dos ramos naturais foram quebrados; ele não disse todos eles, porque há o remanescente de judeus que creram no evangelho (v. 5). Os ramos naturais que estão sendo “quebrados” referem-se à nação de Israel sendo separada nacionalmente nos tratamentos de Deus. Miquéias 5:3 atesta isso. Ele afirma que, em vista do Messias ser rejeitado pelos judeus, Ele os “entregaria” até que chegasse um momento de dores de parto – que se refere à grande tribulação. Os ramos de oliveira brava que foram enxertados são advertidos de que eles também serão “cortados”, se não “permaneceres na Sua benignidade” (v. 22). Isso se refere ao privilégio que está sendo oferecido atualmente para a Cristandade sendo tirado pelo julgamento (Ap 3:16). Apocalipse 2-3 é uma evidência de que a profissão Cristã não continuou na bondade de Deus e aguarda o julgamento. Não há menção na Escritura da Cristandade sendo restaurada.
Vs. 23-24 – Paulo fala então da possibilidade e da inevitabilidade dos “ramos naturais” serem enxertados novamente. Isso obviamente se refere a Deus retomar Seus tratamentos com Israel novamente, de uma maneira nacional. A condição é simplesmente: “se não permanecerem na incredulidade”. Isto é, se desistirem de sua obstinada incredulidade – o que um remanescente da nação fará em um dia vindouro.

Três aspectos da Santificação


Três aspectos da Santificação

Existem três aspectos da santificação (santidade) nas Escrituras que não devemos confundir:
  • Há a santificação absoluta ou posicional como encontrada em At 26:18; 1 Co 1:2, 30, 6:11; 2 Ts 2:13; Hb 10:10, 14; e 1 Pe 1:2. Isso tem a ver com os crentes sendo separados para Deus, nascendo de novo e sendo salvos.
  • Há a santificação progressiva ou prática, como em Jo 17:17-19; Rm 6:19-22; 2 Co 7:1; Ef 5:26-27; 1 Ts 4:4-7, 5:23; Hb 12:14. Isso tem a ver com o exercício dos crentes desenvolvendo santidade em suas vidas.
  • Há a santificação relativa, que tem a ver com uma pessoa sendo colocada em um lugar de associação externa com algo santo.

A santificação relativa também é vista em 1 Coríntios 7:14, mas em uma conexão completamente diferente. Nesse caso, diz-se que um marido incrédulo é “santificado” por causa de sua associação com sua esposa crente. Isso não significa que ele é salvo, mas que está em um lugar de santo privilégio. A santificação relativa também é vista em Hebreus 10:29, mas em uma conexão diferente novamente. Os judeus que professavam fé em Cristo e assumiam uma posição Cristã estavam em um lugar santificado, mas isso não significa que eles eram salvos. O escritor de Hebreus os adverte que se abandonassem essa posição Cristã, eles provariam ser apóstatas e não haveria nada além de juízo para eles (Hb 10:30-31). O argumento de Paulo aqui em Romanos 11:16 é que se a “raiz” da nação (Abraão) foi colocada em um lugar santo de privilégio em relação a Deus, então os “ramos” (descendentes de Abraão – a nação de Israel) estão naquele lugar também (Dt 7:6, 14:2; 1 Rs 8:53; Am 3:3). Ele não está falando do que é vital por meio do novo nascimento, mas de estar em um lugar de favor e privilégio por meio de sua associação com Abraão.

Ao Chamar Os Gentios, Deus Está Provocando Ciúme Nos Judeus – E Isso Prova Que Ele Não Seu Tratamento com Terminou Com Israel


Ao Chamar Os Gentios, Deus Está Provocando Ciúme Nos Judeus – E Isso Prova Que Ele Não Seu Tratamento com Terminou Com Israel

Cap.11:11-25 – A segunda prova de que Deus não terminou Seu tratamento com Israel é vista em Seu chamado aos gentios para provocar Israel à inveja (v. 11). Paulo diz: “Porventura tropeçaram, para que caíssem? De modo nenhum [longe esteja o pensamento – JND]. Mas pela sua queda [retirada] veio a salvação aos gentios, para os incitar à emulação [ciúme]. O fato de que Deus quis incitar Israel, provocando-os ao ciúme para que voltassem a Ele, mostra que Ele ainda não terminou Seu tratamento com eles. Paulo concorda que Israel “tropeçou”, mas ele insiste que eles não caíram, no sentido de estar tudo acabado para eles. Lendo o versículo como encontrado na KJV pode ser confuso, porque depois de afirmar que eles não caíram, ela vai em frente e diz que eles caíram! Este enigma é facilmente esclarecido ao entender-se que o segundo uso da palavra “cair” no décimo primeiro versículo é realmente uma palavra diferente no grego, e deveria ser traduzida como “transgressão” (ATB). “Cair”, no sentido de que Paulo fala aqui, é uma coisa final. “Transgressão”, por outro lado, não carrega essa conotação. Isso ocorre novamente no versículo 12. Assim, Israel tropeçou e transgrediu, mas eles não caíram do propósito de Deus de abençoá-los.
Paulo disse que a “diminuição [omissão] de Israel abriu o caminho para os gentios terem grandes “riquezas”. A “riqueza dos gentios” refere-se ao favor que Deus estendeu aos gentios no evangelho, sem levar em conta se eles creram ou não. Em outras palavras, a “perda” (JND) de Israel tem sido o ganho dos gentios. Este é um princípio nos caminhos de Deus que é encontrado em muitos lugares nas Escrituras (Is 49:4-6; At 13:46-48, 18:5-6, 28:24-28; Rm 1:16). Ele acrescenta: “quanto mais a sua plenitude!” Isto é, se o fracasso de Israel levou a bênção para os gentios neste Dia da Graça, quanto mais será assim quando Deus restaurar Israel! Hoje, a bênção pelo evangelho foi para o mundo de uma forma limitada, mas então será uma conversão mundial dos gentios (Sl 22:27, 47:9; Is 2:2-3; Zc 2:11; Ap 7:9, etc.). Israel redimido será o canal de Deus para abençoar as nações naquele dia (Is 60-61, etc.).
Paulo diz: “Porque convosco falo, gentios, que, enquanto for apóstolo dos gentios” (v. 13). Ele sentiu sua responsabilidade para com os gentios, e do versículo 13 ao 32, se volta para falar diretamente a eles. Ao interpretar este capítulo, é importante entender que Paulo não está necessariamente falando dos gentios como crentes, mas dos gentios genericamente. Seu ponto é que tiveram o maravilhoso privilégio do evangelho estendido a eles. Enfatizamos isso porque, mais adiante no capítulo, ele fala da possibilidade desses gentios serem “cortados”. Verdadeiros crentes, como sabemos, fazem parte da Igreja, e tais nunca serão cortados. A profissão Cristã em geral, no entanto, será julgada e cortada por Deus (Ap 3:16), porque não continuou na bondade de Deus. Paulo queria “magnificar” (KJV) seu “ministério” pregando aos gentios em todo lugar que pudesse, porque, ao fazê-lo, poderia incitar alguns de seus conterrâneos à “emulação [ciúme], e eles acreditariam na salvação de suas almas (vs. 13-14).
Ele diz: “Porque, se a sua rejeição é a reconciliação do mundo, qual será a sua admissão, senão a vida dentre os mortos?” (v. 15) Tão certo como houve uma “rejeição” de Israel, também haverá “sua admissão” novamente em um dia futuro. A reconciliação aqui não é a mesma que no capítulo 5:10-11, onde tudo é vital e eterno. Aqui é dispensacional, sendo uma coisa provida para os gentios neste tempo presente. Assim, o mundo gentio foi trazido para perto de Deus (aproximação geral), mas isso é apenas exteriormente. Ele diz que a admissã) deles (Israel) será “vida dentre os mortos”. Isto não está se referindo à ressurreição literal de corpos humanos (1 Ts 4:16, etc.), nem está falando da ressurreição nacional de Israel (Is 26:19; Ez 37:1-14; Dn 12:1-3), mas do que o mundo gentio experimentará como resultado da restauração de Israel ao Senhor. O Sr. W. Kelly disse: “Seja qual for a misericórdia divina na reconciliação do mundo, a qual agora conhecemos enquanto o evangelho vai em direção à toda criatura, uma bem-aventurança completamente diferente aguarda o mundo inteiro como ‘vida dentre os mortos’, quando todo Israel for recebido de volta e salvo... Não será para todos na Terra ‘vida dentre os mortos?’” (Notes on the Epistle to the Romans, pág. 224).
Paulo usa duas figuras para ilustrar seu ponto:
  •  Uma massa.
  •  Uma oliveira.

Primeiro, quanto à massa, ele diz: “E, se as primícias [primeiro pedaço da massa] são santas, também a massa o é (v. 16a). As “primícias” é o remanescente de crentes judeus no tempo presente que creram no evangelho. Eles “pré-confiaram” (os que de antemão esperaram – ARA) em Cristo (Ef 1:12 – JND) e são os primeiros frutos da nação que será salva no futuro (v. 5). Assim, se pela graça de Deus as primícias são santas, assim será santa “a massa”. A massa é a nação em um dia vindouro, quando eles crerem em Cristo (v. 26). O argumento de Paulo é que os poucos crentes judeus de hoje – “um remanescente, segundo a eleição da graça” (v. 5 – JND) – são realmente um penhor ou uma garantia de que o resto são verdadeiros israelitas que serão salvos. A existência do remanescente neste tempo presente (as primícias) é evidência de que a nação (a massa) será salva no futuro. Com isto sabemos que Deus não desistiu de Israel; há bênçãos reservadas para a nação.
Paulo então passa para a outra figura – “a oliveira” (vs. 16b-32). Ele diz: “se a raiz é santa, também os ramos o são.  A “raiz” é uma alusão a Abraão, o pai da nação, que foi colocado à parte em um lugar de associação “santa” com Deus (Is 51:2). O argumento de Paulo aqui é que se a raiz (Abraão) está em um lugar exterior de bênção, também estão “os ramos” (descendentes de Abraão). No entanto, ser ramos não significa necessariamente que todos os descendentes de Abraão são nascidos de Deus. Eles estavam em um lugar de santificação relativa. Assim, como Paulo falou da reconciliação (v. 15), ele também fala de santificação (v. 16) – ambas são relativas, não algo vital ou absoluto.

No Presente Há Um Remanescente da Nação Que Acreditou No Evangelho e Foi Abençoado


No Presente Há Um Remanescente da Nação Que Acreditou No Evangelho e Foi Abençoado

Cap.11:1-6 –  A primeira prova de que Deus não rejeitou completamente o Seu povo (Israel) é que há atualmente “um remanescente” de judeus que creram no evangelho da graça de Deus. Paulo, na verdade, é um exemplo. Ele diz: “porque também eu sou israelita, da descendência d'Abraão, da tribo de Benjamim” (v. 1). Mesmo que a massa da nação tenha sido cegada pela incredulidade, ainda há um remanescente de indivíduos eleitos que creram, os quais Deus reservou para Si mesmo, como tinha nos dias de Elias. Essa “eleição da graça” são as primícias da nação e são uma promessa da restauração definitiva de Israel em um dia vindouro (Ef 1:12). Isso mostra que quando os homens falham em sua responsabilidade, Deus mantém Sua soberania e assegura um remanescente que crê. Ele não permitirá que Seu propósito de abençoar seja frustrado (Jó 42:2; Is 46:10). Assim, a eleição de judeus crentes no tempo presente é completamente uma obra de graça soberana.
Cap.11:7-10 – Enquanto o remanescente eleito da nação entrou na bênção, a massa foi judicialmente “endurecida [cegada – JND]. Esse endurecimento não deveria ser uma surpresa para os judeus, porque suas próprias Escrituras afirmam que isso aconteceria! Paulo cita Isaías 29:10: “Como está escrito: Deus lhes deu espírito de profundo sono: olhos para não verem, e ouvidos para não ouvirem” (v. 8). Ele também cita Davi, que profeticamente proferiu a oração rogatória do Messias na cruz quando foi rejeitado pelo povo: “Torne-se-lhes a mesa diante deles [o sistema sacrificial deles] em laço; E quando estiverem seguros, sejam-lhes armadilha. Obscureçam-se-lhes os olhos, para que não vejam; E faze que os seus lombos tremam constantemente” (Sl 69:22-23 – ATB). (Veja também Is 6:9-10 com Jo 12:39-41, e também 2 Co 3:14-15.) Assim, este endurecimento é um juízo governamental de Deus sobre a nação como um todo, mas indivíduos entre eles podem ainda vir a Cristo com fé e serem abençoados.

O TROPEÇO DE ISRAEL – ABRINDO O CAMINHO PARA A BENÇÃO IR PARA OS GENTIOS, E A REJEIÇÃO DA GRAÇA PELOS GENTIOS – PREPARANDO O CAMINHO PARA A RESTAURAÇÃO DE ISRAEL Admissão futura de Israel Capítulo 11

O TROPEÇO DE ISRAEL – ABRINDO O CAMINHO PARA A BENÇÃO IR PARA OS GENTIOS, E A REJEIÇÃO DA GRAÇA PELOS GENTIOS – PREPARANDO O CAMINHO PARA A RESTAURAÇÃO DE ISRAEL

Admissão futura de Israel
Capítulo 11

Três Provas Que Deus Não Rejeitou Seu Povo Para Sempre

Neste capítulo, Paulo mostra que Deus voltará a ocupar-Se de Israel e os trará à bênção. Ele começa perguntando: “Digo pois: Porventura rejeitou Deus o Seu povo? De modo nenhum [longe esteja o pensamento – JND]. Foi verdadeira a acusação dos judeus, que disse que o evangelho que Paulo pregou, ignorou as promessas de Deus a Israel? Paulo responde isso da maneira mais simples – NÃO! Enquanto as Escrituras declaram que Deus “rejeitaria” Seu povo por causa da falha deles em receber o Messias (Dn 9:24-27; Mq 5:1-3; Is 61:1-3; Sl 69:22-36; Jr 31:37-40; Zc 11:1-13:6, etc.), em nenhum lugar as Escrituras afirmam que a rejeição seria completa ou final. Paulo passa a dar três provas que mostram que Deus não rejeitou completamente o Seu povo.

O Evangelho Não Foi Crido Por Todos


O Evangelho Não Foi Crido Por Todos

Cap.10:16-21 – É triste dizer que, exceto um remanescente, os judeus falharam em sua responsabilidade de crer no evangelho. Não só se recusaram a recebê-lo, mas também resistiram às boas novas disseminadas aos gentios. Paulo relatou aos tessalonicenses: “Os quais [os judeus] também mataram o Senhor Jesus e os Seus próprios profetas, e nos têm perseguido, e não agradam a Deus, e são contrários a todos os homens. E nos impedem de pregar aos gentios as palavras da salvação, a fim de encherem sempre a medida de seus pecados” (1 Ts 2:14-16). O livro de Atos também atesta esse fato.
Paulo cita Isaías novamente para mostrar que as Escrituras proféticas do Velho Testamento predisseram que a nação rejeitaria seu Messias. Ele diz: “Mas nem todos obedecem ao evangelho; pois Isaías diz: Senhor, quem creu na nossa pregação?” Ao dizer “nossa pregação”, Isaías estava falando em nome de seus colegas profetas, os outros profetas do Velho Testamento que haviam profetizado sobre o Messias. Ele lamentou que a pregação sobre o Messias não tivesse sido crida pela nação de Israel, apesar dela conter tudo o que eles precisavam saber sobre Ele. A pregação anunciou: 
  • O tempo da Sua vinda (Dn 9:26 com Sl 102:24).
  • O local Seu de nascimento (Mq 5:2).
  • Seu nascimento de uma virgem (Is 7:14).
  • Sua Filiação (Sl 2:6-7).
  • Sua Realeza como descendente direto de Davi (2 Sm 7:12-16; Jr 23:5).
  • Sua anunciação por um precursor (Is 40:3; Ml 3:1).
  • A maneira de Sua vida (Is 42:1-3).
  • Seu poder para trazer as bênçãos do reino (Is 33:24, 35:5-6, 61:1-3; Sl 65:6-7, 89:9, 132:15, 89:9, 132:15, 89, 146:7-8, etc.).
  • Sua apresentação à nação de Israel (Zc 9:9).
  • Sua traição (Sl 35:8, 14, 41:9, 55:12-14, 69:25, 109:6-8).
  • A rejeição d’Ele pelos judeus (Sl 35:11, 69:4, 109:4-5; Is 49:4, 50:5-6, 53:2-4; Dn 9:26; Mq 5:1-2).
  • Sua morte (Sl 16:10, 22:1-21a, 31:1-5a, 102:24; Dn 9:26a).
  • Sua ressurreição (Sl 16:11, 22:21b, 102:24b-28).
  • Seu lugar atual à destra de Deus (Sl 110:1).
  • A esperança de Israel de que Deus O enviaria para libertação deles (Sl 80:17).
  • Sua vinda novamente – a Aparição (Sl 72:6, 96:13, 98:9; Is 30:27-33; Ml 3:1, 4:2-3).
  • Seu reinado público em justiça como Rei sobre toda a Terra (Is 32:1, 61:11; Sl 47:7; Zc 14:9).
  • Ele ser buscado e adorado pelos gentios (Sl 47:9, 72:11, 86:9; Is 11:10; Zc 2:11). 

Assim, a “pregação” dos profetas sobre a vida e os tempos do Messias haviam sido preditos nas Sagradas Escrituras. Os judeus se orgulhavam de conhecer as Escrituras, mas eram “tardos de coração” para realmente “crer” naquelas coisas (Lc 24:25-26). Os profetas do Velho Testamento falavam do Messias – primeiro sofrendo e depois entrando na glória do Seu reino (1 Pe 1:11). Esse testemunho não foi dado apenas aos judeus, mas os gentios também o ouviam, pois o evangelho foi pregado a ambos, judeu e gentio (cap. 1:16).
V. 17 – Paulo fala então de como a bênção do evangelho ocorre nas almas. Ele diz: “De sorte que a fé é pelo ouvir [uma pregação], e o ouvir [a pregação] pela palavra de Deus” (JND). Assim, “fé” em uma pessoa é um resultado de serem abertas suas faculdades espirituais de ouvir, e isso ocorre pelo poder da “Palavra de Deus” trabalhando em sua alma. O Espírito de Deus toma a Palavra de Deus e a aplica à alma, e assim comunica a vida espiritual à pessoa. Essa ação é chamada de novo nascimento ou vivificação (Jo 3:3-5; Ef 2:1, 5). Ao receber a vida divina, as faculdades espirituais da pessoa começam a operar, e ela é capaz de ouvir e receber comunicações divinas – isto é, a verdade do evangelho. É por isso que precisamos “pregar a Palavra” aos perdidos (2 Tm 4:2). “Porque a palavra de Deus é viva e eficaz”, e dirigida pelo Espírito de Deus quando a pregamos, ela comunica a vida divina aos homens (Hb 4:12).
V. 18 – Paulo então cita o Salmo 19, que tem a ver com o testemunho da criação, para mostrar que Deus pretende que um testemunho alcance “toda a Terra”. Isto, com certeza, incluiria gentios, pois eles estão por toda a Terra. O testemunho da criação não anuncia o Evangelho da Graça de Deus. Paulo não o cita por essa razão, mas para mostrar que Deus quer que todos os homens recebam um testemunho de Si mesmo. Isto, então, alicerça o esforço para anunciar as boas novas nas regiões d’além.
Vs. 19-21 – Paulo diz: “Israel não o soube?” Como eles não sabiam que Deus desejava que a bênção fosse oferecida aos gentios, quando suas próprias Escrituras deram testemunho desse fato? Ele cita o que Moisés escreveu em Deuteronômio 32:21 para provar isso: “Eu os meterei em ciúmes com aqueles que não são povo, com gente insensata vos provocarei à ira” (v. 19). A implicação aqui é que Deus envergonharia Israel porque tardavam em crer – ao Sua bênção ir para os gentios. Paulo acrescenta outra declaração de Isaías 65:1 para este fim: “Fui buscado dos que não perguntavam por Mim; fui achado daqueles que Me não buscavam” (v. 20; Rm 3:11). Mas, relativamente a Israel, Isaías 65:2 disse: “Estendi as Minhas mãos todo o dia a um povo rebelde” (v. 21). Assim, a partir de suas próprias Escrituras, Paulo mostra que haveria essa admirável inversão da bênção. Quando Israel rejeitasse a bênção, por não receber seu Messias, Deus enviaria a bênção aos gentios! O Senhor também ensinou isso em muitas de Suas parábolas (Mt 21:42-44, 22:8-10; Lc 13:28-30, 14:16-24). O resultado foi que muitos gentios entraram na bênção pela fé em Cristo, e Israel (com exceção de um remanescente) a perdeu!
Assim, Paulo mostrou neste capítulo que há uma responsabilidade moral da parte do homem em crer no testemunho de Deus do evangelho. Deus fez ampla provisão para que Israel cresse, mas o princípio se aplica a toda à humanidade. E se Israel como nação foi posta de lado, não é por culpa de Deus; é claramente pela própria culpa deles. Eles não apenas quebraram a Lei, mas também rejeitaram o Messias e o evangelho da graça de Deus.

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

No decorrer deste décimo capítulo, Paulo mencionou três razões principais pelas quais os judeus perderam a bênção de Deus:
  • Zelo pela religião nacional (v. 2).
  • Ignorância da justiça de Deus (v. 3).
  • Incredulidade obstinada (v. 16).


A Bênção do Evangelho é Oferecida a Todos


A Bênção do Evangelho é Oferecida a Todos

Cap.10:11-13 – Paulo prossegue mostrando nas Escrituras que a bênção de Deus não se limita aos judeus. Ele cita Isaías: “Porque a Escritura diz: Todo aquele que n’Ele crer não será confundido” (Is 28:16). “Todo aquele que” é uma expressão bastante grande, abrangendo não apenas judeus, mas também gentios. O uso que Deus faz desta palavra em conexão com a salvação prova que Ele pretende que a bênção alcance os gentios. Assim, os gentios que creem na mensagem do evangelho também são abençoados com o mesmo princípio de fé que os judeus, porque, como Paulo diz, “não há diferença entre judeu e grego” quando se trata de ser salvo (At 15:11). Ele mostrou no capítulo 3 que “não há diferença” entre os judeus e os gentios quanto à sua ruína e necessidade de um Salvador. Agora, neste capítulo, ele mostra que “não há diferença” entre os judeus e os gentios na graça de Deus sendo-lhes mostrada. Ele cita o profeta Joel para mais uma prova disso: “todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo” (Jl 2:32).
Cap.10:14-15 – Paulo então pergunta como poderia ser possível para qualquer um entre os gentios invocar o nome do Senhor se eles nunca ouviram falar d’Ele. Ele mostra que há uma necessidade de proclamar Cristo entre os gentios para que eles possam invocá-Lo e serem salvos. Ele diz: “Como pois invocarão aqu’Ele em Quem não creram? e como crerão naqu’Ele de Quem não ouviram? e como ouvirão, se não há quem pregue? E como pregarão, se não forem enviados?”. Ele cita Isaías 52:7 para apoiar o princípio de proclamar a verdade no evangelho: “Está escrito: Quão formosos os pés dos que anunciam a paz, dos que anunciam coisas boas!” Assim, as Escrituras judaicas na verdade encorajam a pregação do evangelho concernente a Cristo, o Messias. Isso foi exatamente o que Paulo estava fazendo entre os gentios! E ao afirmar isso, ele se justifica por ir aos gentios com as boas novas.

A Bênção do Evangelho Está ao Alcance de Todos


A Bênção do Evangelho Está ao Alcance de Todos

Cap.10:5-10 – Paulo, então, contrasta “a justiça que é pela lei” com “justiça que é pela fé”. Ele mostra que a Lei mosaica era algo que dependia do desempenho, e cita Levítico 18:5 para provar isso: “O homem que fizer estas coisas viverá por elas”. A ênfase aqui está em fazer – isto é, no desempenho humano. “A justiça que é pela fé”, por outro lado, não exige que uma pessoa faça nada, mas simplesmente creia na “palavra da fé”.
Vs. 6-7 – Paulo então extrai um princípio da Lei para mostrar que a bênção de Deus é realmente baseada só na fé. Ele cita Deuteronômio 30:10-14, que tem a ver com quando Israel falhasse em sua responsabilidade de guardar a Lei, e fossem perdidas todas as possibilidades de se obter mérito com Deus com base no desempenho humano. Moisés disse ao povo que, mesmo assim, se eles se voltassem para o Senhor com (“com todo o teu coração, e com toda a tua alma”), Ele ainda os abençoaria no contexto desse sistema legal. Eles não teriam que fazer nada para merecer esse favor. Eles não teriam que subir para o céu ou atravessar o mar, porque os mandamentos legais estavam bem ali na frente deles – na boca e no coração – à espera de serem obedecidos. Tudo o que eles teriam de fazer seria voltarem-se para o Senhor com fé, e Ele iria começar de novo com eles.
Embora Deuteronômio 30 tenha a ver com a Lei, Paulo usa esse princípio da graça trabalhando por aqueles que reconhecem seu fracasso e se voltam para o Senhor com fé, e adapta esse princípio ao evangelho. Seu ponto é que Deus abençoa no princípio da fé, independentemente de estar no contexto da aliança legal ou no evangelho que ele pregou. Paulo então toma a liberdade de interpretar a passagem em Deuteronômio, inserindo entre parênteses os dois grandes fatos do evangelho: a encarnação de Cristo e a ressurreição de Cristo. Ele diz que uma pessoa não precisa se preocupar com quem “subirá ao céu (isto é, a trazer do alto a Cristo)”, ou quem “descerá ao abismo (isto é, para fazer subir a Cristo dentre os mortos)?” (ATB) porque isso já foi feito. Cristo já desceu e Se tornou o supremo sacrifício pelo pecado, e Ele ressuscitou dentre mortos e está assentado à destra de Deus.
V. 8 – Assim, o evangelho não nos pede para fazer algo humanamente impossível, mas simplesmente crer. Assim como a lei estava “junto” do israelita (em seu coração e boca), Paulo diz que também está “a palavra da fé, que pregamos” no evangelho. A diferença é que o antigo mandamento era uma palavra que tinha a ver com o que o homem deveria fazer, mas agora a palavra no evangelho é sobre o que Cristo fez! O evangelho fala de uma obra que foi consumada (Jo 19:30; Hb 10:12). Como a palavra da verdade está “junto de ti, na tua boca e no teu coração” (os judeus ouviam a Palavra de Deus diariamente nas suas casas e nas suas sinagogas), a salvação estava ao alcance de todos eles. Nenhum judeu, portanto, poderia dizer: “Deus tornou a salvação muito difícil para mim”.
Vs. 9-10 – Paulo prossegue mostrando que, uma vez que tudo foi feito por nós na vinda de Cristo e em Sua morte e ressurreição, tudo o que uma pessoa precisa fazer é “confessar Jesus como Senhor” (JND) e “crer” em seu coração “que Deus O ressuscitou dos mortos”, e ele será “salvo”. Creres “em teu coração”, do qual Paulo fala aqui, significa crer sinceramente; não é uma mera coisa intelectual. Isso mostra que Deus quer veracidade (Sl 51:6). Existem dois “se” neste versículo que se combinam e dão ao crente a certeza da salvação: se “confessarmos” e  se “crermos” em nossos corações, “seremos” salvos. É simples assim! Essa é a grande promessa de Deus no evangelho. Deus nunca decepcionou ninguém que tenha confiado em Cristo para a salvação.
Muitos Cristãos evangélicos acreditam que esses versículos estão dizendo que, para que uma pessoa seja verdadeiramente salva, ela deve fazer uma confissão pública de sua fé em Cristo. Consequentemente, os pregadores pressionam confissões públicas em suas reuniões e cultos de evangelho. Eles fazem um “chamado ao altar” para suas audiências, para que qualquer um que queira ser salvo se apresente e faça uma declaração pública de sua fé. Contudo, se tivermos de confessar perante os homens como condição necessária para a salvação eterna da alma, da pena de seus pecados, então a bênção do evangelho não é somente baseada no princípio da fé; torna-se fé e obras! Isso é contrário aos fundamentos do evangelho (cap. 3:26-31). Além disso, isso significaria que uma pessoa não poderia ser salva se estivesse sozinha em algum lugar – porque não teria ninguém a quem fazer sua confissão! E se ela morresse antes de ter a chance de falar a alguém sobre sua fé em Cristo? Certamente não podemos pensar que uma pessoa assim não esteja no céu e que não seja realmente salva e que não esteja no céu.
“Confessar” nesse versículo significa “admitir” ou “expressar concordância”. A questão é: expressar concordância a quem? A. Roach disse que, à luz de Filipenses 2:11, que diz: “E toda a língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai” e Romanos 14:11 que diz: “toda a língua confessará a Deus”, esta confissão deve ser feita a Deus, e não aos homens. O crente reconhece para Deus que “Jesus Cristo é o Senhor”. H. A. Ironside disse: “A confissão aqui não é, obviamente, a mesma coisa que o nosso Senhor diz: 'Qualquer que Me confessar diante dos homens, Eu o confessarei diante de Meu Pai, que está nos céus’. Esta é antes, a confissão da alma ao próprio Deus, de que ele aceita Jesus como Senhor” (Lectures on Romans, pág. 130-131).
No versículo 9, Paulo menciona a “boca” antes do “coração”, que é a ordem encontrada em Deuteronômio 30, mas no versículo 10, ele inverte a ordem. O versículo 9 enfatiza os fatos, e o versículo 10 enfatiza a ordem em que ocorrem na alma do crente. A fé no coração produz a confissão da boca; é uma prova do que é verdadeiro no coração. Assim, a aceitação interior da palavra pela fé, precede a expressão externa da confissão. Estes não são dois passos separados para a salvação, mas dois lados da mesma coisa.
No curso normal do crescimento e desenvolvimento Cristãos, a confissão diante dos homens seguirá a fé de uma pessoa em Cristo. A pessoa que realmente crê no Senhor Jesus confessará sua crença a seus semelhantes. Isso deveria acontecer naturalmente, pois o evangelho é uma notícia boa demais para guardarmos para nós mesmos! (Veja 2 Rs 7:9.) As Escrituras nos encorajam a falar sobre isso: “Digam-no os remidos do Senhor” (Sl 107:2). A confissão diante dos homens é boa, mas não é uma condição pela qual uma pessoa é salva eternamente da pena de seus pecados. O novo crente pode hesitar em confessar a Cristo a princípio, mas seu bem-estar eterno não depende disso. Paulo já ensinou que a bênção da salvação está somente no “princípio da fé” (cap. 1:17, 3:30, 4:16, 5:1); ele estaria se contradizendo aqui se colocasse a confissão diante dos homens como condição.

A Responsabilidade de Israel – Crer


A Responsabilidade de Israel – Crer

Paulo terminou o capítulo anterior afirmando que “todo aquele que crer n’Ele não será confundido” (cap. 9:33). Isso traz o homem à responsabilidade. Para receber a salvação, devemos crer no testemunho de Deus do evangelho sobre a obra consumada de Cristo na cruz. Paulo agora continua esse tema no capítulo 10. De novo e de novo ao longo deste capítulo, ele enfatiza o fato de que os homens devem crer no testemunho de Deus para serem abençoados por Deus.
Cap. 10:1 – Sabendo que os judeus o viam como traidor e inimigo da nação de Israel, Paulo reafirma seu amor e preocupação por Israel. Seu grande “desejo do... coração e a oração a Deus” era que Israel pudesse ser “salvo” (ATB). O fato de que eles não foram salvos (exceto alguns indivíduos como ele próprio) mostra que ser descendentes naturais de Abraão não os salvou! Se os tivesse salvado, ele não estaria orando para esse fim. Como mencionado, a responsabilidade do homem é crer no testemunho de Deus do evangelho concernente ao Seu Filho. Mas foi exatamente isso que os judeus não conseguiram fazer. Em vez de receberem a Cristo, tropeçaram naquela “pedra de tropeço!” (Cap. 9:32)
V. 2 – Paulo declara duas razões para o seu fracasso: em primeiro lugar, eles tinham “zelo” por sua religião nacional que os levou a se agarrar às suas formas e cerimônias, e não ver que aquelas coisas realmente apontavam para Cristo. (Veja a epístola aos Hebreus.) Apegando-se às formas do judaísmo, lança um véu sobre seus corações, e “até hoje, quando é lido Moisés, o véu está posto sobre o coração deles” e eles não são capazes de “olhar firmemente para o fim daquilo que era transitório” (2 Co 3:13-15). O “fim” da aliança legal é Cristo e Sua obra consumada na cruz. Os tipos e sombras na Lei apontavam todos para Ele, mas eles não viam. Isso mostra que, embora seja “bom ser zeloso”, nosso zelo deve ser “sempre do bem” e da maneira correta (Gl 4:18). No caso dos judeus, seu zelo não era “com entendimento”. Eles não sabiam que suas Escrituras apontavam para Cristo.
V. 3 – Em segundo lugar, os judeus “não conheciam a justiça de Deus”. Eles não entendiam o significado da cruz e, consequentemente, rejeitavam o evangelho. Como mencionado em nossos comentários no capítulo 3:21-31, a justiça de Deus tem a ver com como Ele assumiu a questão do pecado na cruz e a resolveu para a Sua própria glória e para a bênção de todos os que cressem. Os judeus, infelizmente, não viram isso na morte de Cristo. Eles criam (e ainda creem) que Sua morte na cruz era a maneira de Deus tratar com Ele com justiça por Sua blasfêmia de imaginar que era o Messias – e Quem eles insistiam ser um impostor (Is 53:4). Em sua ignorância, os judeus procuravam “estabelecer a sua própria justiça” – pensando que ela poderia ser alcançada por guardarem a lei. Assim, eles não “não se sujeitaram à justiça de Deus”, e isso fez com que perdessem a bênção da salvação.
V. 4a – Para eliminar a falsa noção de que a justiça pode ser alcançada pelo desempenho do homem, Paulo declara enfaticamente: “Porque Cristo é o fim de lei para justiça” (JND). O artigo “a” não está na preposição “de” antes da palavra “lei”. Isto indica que ele não está se referindo especificamente à Lei de Moisés, mas ao princípio no qual o desempenho do homem é o caminho para alcançar a justiça. Paulo está aludindo a Deus encerrando o teste do homem na carne pela morte de Cristo. Desde a queda do homem até a morte de Cristo, Deus manteve o homem na carne em provação. Por 40 séculos de história humana, levando até a cruz, Deus testou a carne no homem de todas as maneiras possíveis (quarenta é o número que indica teste nas Escrituras), e a carne provou ser má em todas as coisas (cap. 3:12, 7:18). Todas as tentativas do homem na carne, de atingir a justiça com base no mérito e desempenho humanos, falharam. Deus, portanto, encerrou o teste, e “condenou o pecado na carne” na morte de Cristo (cap. 6:6, 8:3). A palavra “fim” aqui é “teles” no grego, que significa “conclusão” (J. N. Darby, Collected Writings, v. 10, pág. 22).
Ao dizer: “Para justiça”, Paulo não quis dizer que a justiça nos tempos do Velho Testamento foi alcançada por meio do guardar da lei, mas agora, desde a vinda de Cristo, ela é encontrada n’Ele. A lei nunca foi dada para esse propósito! (Gl 3:21) Se ela tivesse sido o meio de justiça nos tempos do Velho Testamento, ninguém que vivesse naqueles tempos chegaria ao céu, porque ninguém era capaz de guardá-la! Qualquer esperança de alcançar a justiça nessa linha está condenada desde o início. Ao acrescentar “de todo aquele que crê”, Paulo está indicando que a única maneira pela qual alguém pode ser considerado justo é crendo.

A RESPONSABILIDADE DO HOMEM A rejeição presente de Israel Capítulo 10


A RESPONSABILIDADE DO HOMEM
A rejeição presente de Israel
Capítulo 10

Não seria uma apresentação equilibrada sobre esse assunto se Paulo encerrasse sua discussão nesse ponto. No capítulo 9, ele insistiu na soberania de Deus na salvação; agora, no capítulo 10, ele fala do outro lado do assunto – a responsabilidade do homem. Estas duas linhas da verdade andam lado a lado por todas as Escrituras. Elas podem parecer que se fundem em algum ponto nos caminhos de Deus, mas nunca o fazem. Elas são como os dois trilhos em uma longa e retilínea estrada de ferro. Olhando para a estrada, os trilhos parecem se juntar à distância, mas é claro que isso não ocorre. Tal é o caso com a soberania de Deus e a responsabilidade do homem. Deus quer que nós entendamos e desfrutemos dessas duas linhas distintas de verdade como são encontradas nas Escrituras, sem tentar uni-las.

O Princípio da Soberana Eleição da Graça Aplicado aos Gentios Cap. 9:23-26 – Paulo então mostra que o princípio da eleição soberana aplica-se tanto aos gentios quanto a Israel. Ele diz que “os vasos de misericórdia” (crentes) “que para glória já dantes preparou, Os quais somos nós, a quem também chamou, não só dentre os judeus, mas também dentre os gentios?”. Assim, todas as bênçãos, seja para judeus ou gentios, repousa sobre a soberania de Deus. Ele cita Oséias 1:10 e 2:23 para mostrar que Deus voltará a dedicar-Se com Israel num dia vindouro. Eles estão atualmente numa posição de não serem Seu povo – estando escrito sobre eles “Lo-ami” (“não Meu povo”). Mas então, em graça soberana, Ele os tornará Seu povo novamente. Sua atual posição de não ser o Seu povo é idêntica à posição em que os gentios estão. O raciocínio de Paulo é que, se Deus pode tratar dessa maneira com Israel, então Ele também pode fazê-lo com os gentios. Cap. 9:27-29 – Paulo então cita o profeta Isaías para enfatizar o que já ensinou nos versículos 6-8 – que esse ato de graça para com Israel não incluirá todo israelita de descendência natural. A massa da nação se mostrará infiel e será julgada por Deus, mas “o remanescente” será salvo. Ele diz: “Ainda que o número dos filhos d'Israel seja como a areia do mar, (por descendência natural) o remanescente é que será salvo” (Is 10:22). E novamente: “Se o Senhor dos Exércitos nos não deixara descendência [um remanescente muito pequeno – KJV], teríamos sido feitos como Sodoma, e seríamos semelhantes a Gomorra” (Is 1:9). Aqueles que comporão este remanescente terão fé e, consequentemente, receberão o Senhor e serão abençoados de acordo com as promessas feitas a Abraão, Isaque e Jacó. Estes formarão o núcleo da nação no milênio. Vs. 30-33 – Paulo então conclui afirmando que os gentios que “não buscavam a justiça” alcançaram “a justiça que é pela fé [pelo princípio de fé – JND]”. Por outro lado, Israel, que buscava “a lei” para a “justiça”, não a alcançou porque a buscava pelas “obras da lei” e não pela fé. Paulo pergunta: “Por quê?” Ele responde a sua pergunta, afirmando “Porque não foi pela fé”. Os judeus (nacionalmente) perderam a bênção porque entenderam mal o propósito da lei. Eles pensaram que era uma escada na qual alguém subia para alcançar a justiça, e tentaram estabelecer sua própria justiça, guardando a Lei, e como resultado, ficaram cegos quanto ao seu verdadeiro estado. E a principal prova de seu estado de cegueira é que eles “tropeçaram na pedra de tropeço” – Cristo. Eles O rejeitaram! Paulo cita Isaías 28 para mostrar que enquanto a nação como um todo tropeçava na “pedra de tropeço, e uma rocha de escândalo”, Deus operou soberanamente e alguns neste tempo presente (um remanescente) creram no evangelho. Ao dizer: “todo aquele que crer”, Paulo aponta para o fato de que existe responsabilidade humana em receber a bênção – uma pessoa, seja judeu ou gentio, deve crer. Isso age como um seguimento (conector) para o assunto no próximo capítulo, que tem a ver com a responsabilidade do homem.


O Princípio da Soberana Eleição da Graça Aplicado aos Gentios

Cap. 9:23-26 – Paulo então mostra que o princípio da eleição soberana aplica-se tanto aos gentios quanto a Israel. Ele diz que “os vasos de misericórdia” (crentes) “que para glória dantes preparou, Os quais somos nós, a quem também chamou, não só dentre os judeus, mas também dentre os gentios?”. Assim, todas as bênçãos, seja para judeus ou gentios, repousa sobre a soberania de Deus.
Ele cita Oséias 1:10 e 2:23 para mostrar que Deus voltará a dedicar-Se com Israel num dia vindouro. Eles estão atualmente numa posição de não serem Seu povo – estando escrito sobre eles “Lo-ami” (“não Meu povo”). Mas então, em graça soberana, Ele os tornará Seu povo novamente. Sua atual posição de não ser o Seu povo é idêntica à posição em que os gentios estão. O raciocínio de Paulo é que, se Deus pode tratar dessa maneira com Israel, então Ele também pode fazê-lo com os gentios.
Cap. 9:27-29 – Paulo então cita o profeta Isaías para enfatizar o que já ensinou nos versículos 6-8 – que esse ato de graça para com Israel não incluirá todo israelita de descendência natural. A massa da nação se mostrará infiel e será julgada por Deus, mas “o remanescente” será salvo. Ele diz: “Ainda que o número dos filhos d'Israel seja como a areia do mar, (por descendência natural) o remanescente é que será salvo” (Is 10:22). E novamente: “Se o Senhor dos Exércitos nos não deixara descendência [um remanescente muito pequeno – KJV], teríamos sido feitos como Sodoma, e seríamos semelhantes a Gomorra” (Is 1:9). Aqueles que comporão este remanescente terão fé e, consequentemente, receberão o Senhor e serão abençoados de acordo com as promessas feitas a Abraão, Isaque e Jacó. Estes formarão o núcleo da nação no milênio.
Vs. 30-33 – Paulo então conclui afirmando que os gentios que “não buscavam a justiça” alcançaram a justiça que é pela fé [pelo princípio de fé – JND]. Por outro lado, Israel, que buscava “a lei” para a “justiça”, não a alcançou porque a buscava pelas “obras da lei” e não pela fé.
Paulo pergunta: “Por quê?” Ele responde a sua pergunta, afirmando “Porque não foi pela fé”. Os judeus (nacionalmente) perderam a bênção porque entenderam mal o propósito da lei. Eles pensaram que era uma escada na qual alguém subia para alcançar a justiça, e tentaram estabelecer sua própria justiça, guardando a Lei, e como resultado, ficaram cegos quanto ao seu verdadeiro estado. E a principal prova de seu estado de cegueira é que eles “tropeçaram na pedra de tropeço” – Cristo. Eles O rejeitaram!
Paulo cita Isaías 28 para mostrar que enquanto a nação como um todo tropeçava na “pedra de tropeço, e uma rocha de escândalo”, Deus operou soberanamente e alguns neste tempo presente (um remanescente) creram no evangelho. Ao dizer: “todo aquele que crer”, Paulo aponta para o fato de que existe responsabilidade humana em receber a bênção – uma pessoa, seja judeu ou gentio, deve crer. Isso age como um seguimento (conector) para o assunto no próximo capítulo, que tem a ver com a responsabilidade do homem.

Quem Pode Resistir à Vontade de Deus?


Quem Pode Resistir à Vontade de Deus?

Cap.9:19-23 – Os homens acusarão a Deus de injustiça, apontando para o Seu tratamento com o Faraó como um exemplo de predestinação de pessoas para o inferno. Paulo continua mostrando que isso não é verdade; Deus nunca predestinaria ninguém a uma eternidade perdida. Ele também aponta que é loucura da parte do homem questionar os caminhos de Deus.
Ele apresenta o argumento que os céticos e opositores usam: “Se Deus endurece o homem para que não creia, como Deus pode 'encontrar falta' (JND) nele por não crer?” (v. 19) Paulo responde a essa noção equivocada mostrando que, embora Deus aja em julgamento, as Escrituras não dizem que Ele escolhe pessoas para a destruição eterna. “os vasos da ira [são], preparados para perdição” (v. 22), mas eles não são preparados por Deus como tais; as pessoas se preparam por sua própria incredulidade! No caso do Faraó, Deus não o predestinou para juízo. Se lermos cuidadosamente o relato do tratamento do Senhor para com o Faraó (Êx 4-12), veremos que ele mesmo se preparou para seu juízo endurecendo-se repetidamente contra o Senhor. Mas ele não estava condenado desde o momento de seu nascimento. Em sua vida, ele provou ser impio, e Deus poderia justamente tê-lo cortado, mas escolheu preservá-lo vivo por um tempo para que Ele pudesse mostrar Seu poder em juízo, e por meio dele, exaltar Seu nome na Terra.
O Senhor sabia que o Faraó endureceria seu coração contra Ele (Êx 3:19) e disse a Moisés que judicialmente o endureceria ainda mais, como consequência. O Senhor disse: “mas Eu endurecerei o seu coração, para que não deixe ir o povo” (Êx 4:21,; 7:3). Note que o Senhor não disse naquele momento: “Eu endureci o seu coração...”, mas sim: “Eu endurecerei o seu coração”. Era algo que o Senhor iria fazer como consequência de Faraó endurecer seu coração primeiro. Com certeza, Faraó provou ser um homem perverso e endureceu o coração contra o Senhor. A Escrituras registra: “Porém o coração de Faraó se endureceu” (Êx 7:13). (Este versículo infelizmente foi traduzido erroneamente na KJV, dizendo: “Ele endureceu o coração de Faraó”. Isto tornaria o Senhor o Principiador do endurecimento, o que não é verdade.) Êxodo 7:13-14 é a primeira menção nas Escrituras do coração do Faraó sendo endurecido, e é claramente algo que ele mesmo fez. De fato, ele repetidamente endureceu seu coração contra o Senhor (Êx 7:22, 8:15, 19, 32, 9:7). Foi apenas após tudo isso, que a Escritura finalmente diz: “Porém o Senhor endureceu o coração de Faraó” (Êx 9:12, 10:1, 20, 27, 11:10), que é o cumprimento daquilo que Senhor disse em Êxodo 4:21 e 7:3 que iria fazer. As Escriturass dizem: “O homem que muitas vezes repreendido endurece a cerviz, será quebrantado de repente sem que haja cura” (Pv 29:1). Este foi o caso do Faraó.
Paulo mostra que questionar a soberania de Deus é entender mal Quem é Deus e quem somos. Ele diz: “Porquanto, quem resiste à Sua vontade? Mas, ó homem, quem és tu, que a Deus replicas? Porventura a coisa formada dirá ao que a formou: Por que me fizeste assim? Ou não tem o oleiro poder sobre o barro, para da mesma massa fazer um vaso para honra e outro para desonra?” Deus tem todo o poder no céu e na Terra e pode fazer o que quiser – e Ele nunca faz errado. Ele disse a Abraão: “Não faria justiça o Juiz de toda a Terra?” (Gn 18:25).
Todos os homens merecem juízo, mas se Deus escolhe mostrar misericórdia a alguns, quem somos nós para dizer que Ele está fazendo errado? O fato de alguém ser salvo é uma completa prova da soberana graça de Deus. O velho e verdadeiro ditado é: todos podem vir (Ap 22:17), mas ninguém virá (Jo 3:32); mas por causa do poder soberano de Deus agindo nos homens, alguns virão a Cristo e serão salvos (Jo 6:44). Embora Deus possa escolher alguns para bênção (como “vasos de misericórdia”), Ele nunca escolhe alguém para ir para o inferno. Todos os que se revelam “vasos de ira” são “preparados para perdição” por sua própria incredulidade (v. 22). Não existe algo como predestinação para o inferno. Paulo diz que a razão pela qual Deus escolhe alguns para serem “vasos de misericórdia” é demonstrar “as riquezas da Sua glória” (v. 23).
J. N. Darby disse: “A raiz da questão é essa; é Deus que julga o homem ou o homem a Deus? Deus pode fazer o que quiser. Ele não é o objeto de nosso julgamento” (Synopsis of the Books of the Bible – em Romanos 9). F. B. Hole disse: “Quão lentos somos em admitir que Deus tem o direito de fazer o que Ele quer, que de fato, é o Único que tem esse direito, visto que somente Ele é perfeito em presciência, sabedoria, justiça e amor. As coisas podem parecer inexplicáveis para nós, mas é porque somos imperfeitos”.

4) O SENHOR ENDURECEU FARAÓ (cap. 9:17-18)


4) O SENHOR ENDURECEU FARAÓ (cap. 9:17-18)

Os opositores podem não ter dificuldade em aceitar quando Deus age soberanamente em misericórdia para com alguém, mas podem não aceitar quando se trata de um ato de juízo. Paulo continua para mostrar que Deus também é soberano no juízo. Assim como Israel agiu perversamente ao adorar o bezerro de ouro, e Deus soberanamente escolheu lhes mostrar misericórdia, também com Faraó – ele agiu perversamente, mas no caso dele, Deus o endureceu, e então o julgou. Como Faraó estava colhendo o que semeara, Deus estava justificado em julgá-lo. Assim, vemos a soberania de Deus sendo exercida em mostrar misericórdia a alguns e também em endurecer a outros. Paulo diz: “Logo pois compadece-Se de quem quer, e endurece a quem quer”. (v. 18). Deus pode e exerce julgamento sobre os ímpios, e Ele é justo ao fazer isso, mas Ele pode escolher mostrar misericórdia para alguns; é Sua prerrogativa.

3) O SENHOR ESCOLHEU TER MISERICÓRDIA DE ISRAEL QUANDO ELES SE VOLTARAM À IDOLATRIA (Cap. 9:14-16)


3) O SENHOR ESCOLHEU TER MISERICÓRDIA DE ISRAEL QUANDO ELES SE VOLTARAM À IDOLATRIA (Cap. 9:14-16)

A pessoa que argumenta sobre a soberania divina dirá: “Se houver realmente apenas dois resultados na escolha – ser abençoado ou condenado – ir em frente e eleger um e não o outro, necessariamente condena quem não foi escolhido! Como isso pode ser justo?” O mesmo cético dirá, “Se tudo foi resolvido antes do tempo, então não há nada que alguém possa fazer sobre isso, e se isso for verdade, então Deus é injusto por condenar as pessoas, porque não é culpa delas não terem sido escolhidas!”
Paulo previu que as pessoas se oporiam ao princípio da soberania divina e responde dizendo: “Que diremos pois? que há injustiça da parte de Deus?” Ele responde sua própria pergunta: “De modo nenhum [longe seja o pensamento – JND]. Paulo prossegue defendendo a soberania de Deus, mas não como alguns teólogos Cristãos que tentam reconciliar a soberania de Deus com a responsabilidade do homem, fundindo-as em apenas uma coisa. Eles dirão que Deus, por Sua presciência, sabia quem iria acreditar e quem não iria, e escolheu aqueles que acreditariam. Esta é a essência das ideias equivocadas do Arminianismo, que enfatiza a responsabilidade do homem na salvação, excluindo a soberania de Deus.
Paulo cita um exemplo da soberania de Deus a partir do caso da idolatria de Israel – a adoração do bezerro de ouro (Êx 32). Quando as pessoas pecaram contra Deus nesta questão, Deus disse a Moisés: “Compadecer-Me-ei de quem Me compadecer, e terei misericórdia de quem Eu tiver misericórdia”. Se Deus tivesse tratado Israel de acordo apenas com o justo merecimento da justiça divina, dando-lhes o que lhes era devido, Ele teria destruído toda a nação! Mas, o fato de que Deus escolheu não julgar a nação, mostra que Ele soberanamente escolheu ter misericórdia deles. Os judeus dificilmente poderiam ousar argumentar sobre a soberania de Deus nesta ocasião, pois se essa não tivesse sido exercida favoravelmente em relação a eles, eles teriam sido exterminados! Se os judeus quisessem acusar a Deus de injustiça, eles estariam admitindo que deveriam ser condenados! E se todos os homens merecem ser condenados, então ninguém pode, corretamente, acusar Deus de injustiça se Ele não mostrar misericórdia para com alguns. Paulo, portanto, conclui: “Assim, pois, isto não depende do que quer, nem do que corre, mas de Deus, que Se compadece [que usa de misericórdia – ATB]. Se Deus escolhe ter misericórdia de alguns, ninguém pode achar isso errado.

Uma Publicação VERDADES VIVAS

O Livro impresso  está disponível  ➪   AQUI  O Livro eletrônico está disponível  ➪   AQUI Caso queria compartilhar este livro, segue o l...