terça-feira, 23 de outubro de 2018

Os Resultados Práticos que Fluem de Andar no Espírito


Os Resultados Práticos que Fluem de Andar no Espírito

Cap. 8:12-17 – Tendo apresentado a posição e condição dos crentes no Cristianismo normal, Paulo continua falando do lado prático dessas coisas, nos trazendo à responsabilidade.
Cap. 8:12 – Ele nos diz que, em vista do que Deus fez por nós por meio da morte e ressurreição de Cristo, o crente não tem obrigação alguma para com a carne para viver segundo a carne. Ele diz: “De maneira que, irmãos, somos devedores, não à carne para viver segundo [conforme] a carne. Isso, como Paulo já explicou, é porque Cristo, nossa Cabeça federal, agiu por nós ao separar-Se Ele mesmo de todo o sistema do pecado por meio da morte, e nós (sendo parte de Sua nova raça de criação) temos o direito de nos considerarmos mortos com Ele (cap. 6:10). Mas, mais do que isso, não temos obrigação de viver segundo a carne porque nos foi dada “a lei do espírito de vida, em Cristo Jesus”, que se sobrepõe às más inclinações da carne (cap. 8:2). Portanto, não podemos justamente dizer que não conseguimos deixar de viver segundo as concupiscências da carne, porque toda provisão foi feita para que vivêssemos livres dela.
Cap. 8:13 – Paulo então nos adverte do desastre que resultará em nossas vidas se escolhermos viver na esfera da carne. Ele diz: “Porque, se viverdes segundo [conforme] a carne, morrereis”. O aspecto da morte aqui é uma separação moral e espiritual de uma vida de comunhão com Deus (1 Tm 5:6). (Não poderia significar que o crente perde sua salvação, porque isso é uma impossibilidade – Jo 10:28-29, etc.). Assim, Paulo está dizendo que haverá um fracasso total em nossas vidas Cristãs. O crente que escolhe viver “segundo a carne” não somente terá seu “cordão umbilical” ou “linha de suprimento de vida” de comunhão com Deus rompido, mas também incorrerá em juízos disciplinares (governamentais) de Deus, o Pai (1 Pd 1:16-17, 3:10-12, 4:17-18). Estes são enviados para corrigir a atitude errada do crente para com o pecado (Hb 12:5-11).
Paulo então diz: “mas, se pelo Espírito mortificardes as obras do corpo, vivereis” (ATB). Isso mostra que o poder de restringir a carne vem do Espírito Santo, e que esse poder só estará ativo em nossas vidas, se vivemos na esfera certa de vida. Portanto, para vivermos vitoriosamente sobre a carne, devemos viver (não visitar ocasionalmente) na nova esfera de vida onde Cristo vive para Deus e estar ocupado com “as coisas do Espírito” que ali estão. Quando vivemos nesta esfera, o Espírito Santo está livre para tomar as coisas de Cristo e mostrá-las para nós (Jo 16:13-15), e Ele também trabalhará para manter a carne controlada, como mencionado no versículo 2. Só então poderemos “mortificar as obras do corpo” pelo Seu poder. Este é o princípio da substituição que Paulo mencionou no capítulo 6. É essencialmente a mesma coisa que ele disse aos gálatas: “Andai em Espírito, e não cumprireis a concupiscência da carne” (Gl 5:16). Isso é Cristianismo normal.
No versículo 2, Paulo falou da libertação do pecado como resultado da presença e obra do Espírito Santo no crente, e que isso é uma experiência Cristã normal. Mas, olhando para nossas vidas, podemos dizer: “Não é exatamente assim comigo. Não posso dizer que tenho conhecido a vitória sobre a carne na proporção em que Paulo descreve”. Podemos nos perguntar por que isso acontece, já que sabemos que somos salvos e, portanto, temos o Espírito habitando em nós. No entanto, uma coisa é ter o Espírito de Deus presente em nós como o poder para a libertação, e outra coisa é tê-Lo ali realmente trabalhando por nós em uma libertação diária contínua. Isso mostra que, para que o Cristão tenha o poder do Espírito em sua vida, o Espírito não deve apenas ser residente, mas também deve ser presidente. Isso equivale ao que a Bíblia se refere quando diz que devemos nos “encher do Espírito” (Ef 5:18).
O caso com muitos de nós é que o poder do Espírito é extinto porque não estamos ocupados com “as coisas do Espírito” (os interesses de Cristo). O Espírito de Deus deseja trabalhar por meio de nós, mas muitas vezes Ele é impedido em vários níveis, dependendo de um Cristão para outro. Isso nos lembra do que o servo de Abraão (que é um tipo do Espírito Santo) disse à mãe e ao irmão de Rebeca – “não me detenhais” (Gn 24:56). É triste dizer que muitas vezes impedimos a obra do Espírito “extinguindo” e “entristecendo” Ele. Simplificando: extinguir o Espírito é não fazer algo que o Espírito está nos conduzindo a fazer (1 Ts 5:19), e entristecer o Espírito é fazer algo que Ele não nos levou a fazer (Ef 4:30).
Nosso problema é que queremos nos cercar das coisas terrenas, naturais e mundanas, e segui-las, e esperar ter o benefício da libertação prática, do poder do pecado, que o Espírito dá. Mas não podemos viver na sombra e aproveitar o Sol ao mesmo tempo. Se mimarmos a carne, vamos obstruir o Espírito! Alguém pode ler isso e dizer: “Ah, agora entendo; o que eu preciso é mais do Espírito em minha vida!” Mas isso não é o que Paulo está ensinando aqui. Nós não precisamos de mais do Espírito, porque Deus não dá o Espírito em medidas (Jo 3:34). Na verdade, é o contrário – o Espírito precisa ter mais de nós! Mas se tivermos nossas vidas cheias dessas outras coisas, há pouco espaço na prática para o Espírito trabalhar. Isso nos lembra novamente do servo de Abraão. Ele disse a Rebeca: “há também em casa de teu pai lugar para nós pousarmos?” (Gn 24:23) Podemos ver a partir disso que a vida Cristã prática realmente só é efetiva quando vivemos vidas consagradas. Consagração significa “encher as mãos” ou “ambas as mãos cheias” (Êx 29:22-24). Em nosso caso, é ter nossas vidas cheias de Cristo e dos Seus interesses (cap. 12:6-8). Se fizermos isso, não nos faltará o poder do Espírito.
Assim, dizendo “se” neste versículo (13), Paulo mostra que o encargo está agora com o crente. Deus quer que sejamos responsavelmente exercitados quanto a termos uma vitória prática sobre a carne. Temos que fazer uma escolha consciente para viver na esfera certa de vida. Isso realmente se resume a uma questão de nossas vontades – em que esfera eu quero viver e com o que eu quero estar ocupado? F. B. Hole disse: “É possível nos desviarmos de considerar as coisas do Espírito, para nos importarmos com as coisas da carne. E, na medida em que o fazemos, entramos em contato com a morte ao invés de com a vida e a paz. Mas não nos enganemos sobre isso; se formos para as coisas da carne, não estamos buscando coisas que são propriamente características do Cristão, mas sim o que é totalmente anormal e impróprio”.
Notemos também que Paulo não diz: “Mortificar o corpo”. Isso seria ascetismo. Foi o que os monges fizeram ao se flagelarem, dormindo em camas de pregos, etc., em sua tentativa de conter e controlar a carne – mas não funcionou. Toda essa atividade não é o caminho de Deus para a santificação prática. Paulo diz: “mortificardes as obras do corpo”. São as “obras” – as coisas pecaminosas que podemos estar inclinados a fazer – que devem ser mortificadas, não nossos corpos.

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