4) A
PESSOA DESCOBRE QUE HÁ UMA PESSOA DIVINA FORA DELA QUE PODE LIVRÁ-LA (cap.
7:24-25)
Ao
ver a carne como uma entidade separada de si mesmo, mas ainda estando enlaçado
por ela, temos uma imagem neste homem com nova vida e natureza que aborrece a
velha, e desejando se livrar dela. Ele fala da velha natureza e sua corrupção
como se tivesse um corpo humano em decomposição preso às costas. A nova vida é qualquer
coisa menos feliz nesse estado. Isso o leva a gritar: “Miserável homem que eu sou!”
Tendo
aprendido que não pode haver ajuda vinda de dentro, ele olha para longe de si,
para alguém que o livre dessa condição. Ele diz: “Quem me livrará do corpo desta morte?” Não é simplesmente
que ele procure por libertação, mas procura por um libertador. Isto é
importante, pois se simplesmente procurarmos a libertação, poderemos estar inclinados
a tentar algum programa de autoajuda, ou procurar algum pensamento “chave” que
achamos que nos dará uma vitória instantânea sobre a carne. Muitos crentes
sinceros têm estado confusos a esse respeito, e têm buscado libertação da carne
pelo ascetismo[1],
legalismo, etc. Mas notemos que a questão não é: “Como serei libertado?” Mas “Quem
me livrará?”.
Quando
são aniquilados toda esperança e esforço próprios em busca de uma vida piedosa,
e ele olha para “Jesus Cristo nosso
Senhor” na fé, ele encontra a libertação. Consequentemente, exulta em
agradecimento a Deus; “Dou graças a Deus
por Jesus Cristo nosso Senhor”. Isso nos mostra que a libertação não vem de
nossas orações, ou pelo nosso conhecimento das Escrituras, ou por tentar nos
afastar dos maus pensamentos, repreendendo-nos a nós mesmos, etc., mas
simplesmente desviando o olhar de nós mesmos para Cristo e sendo preenchidos
por Ele e Seus interesses. No que diz respeito à vitória sobre este inimigo
interior (a carne), precisamos entender que tudo o que precisa ser feito já foi
feito pelo Senhor Jesus Cristo.
V.
25 – Tendo experimentado a libertação por olhar para Cristo, ele diz: “Assim que eu mesmo com o entendimento
sirvo à lei de Deus, mas com a carne à lei do pecado”. Esta última
afirmação no parêntese é mencionada para mostrar que a alma que recebe
libertação ainda tem duas naturezas, e terá estes dois princípios conflitantes
em si até que o Senhor venha, ou até que morra. Alguns Cristãos (o Movimento de
Santidade do Exército da Salvação, o Metodismo, etc.) pensam erroneamente que,
ao receber a libertação, a natureza pecaminosa é “reduzida a cinzas” no crente.
No entanto, é um erro pensar que a carne é removida de nós quando obtemos a
libertação do pecado. Este aspecto da libertação não é da presença do pecado, mas do poder
do pecado. Note novamente: ele usa “eu”
quando fala da nova natureza, mas se recusa a usá-la em referência à velha
natureza. Ele chama a sua velha natureza de “a carne”, mas não a confessará como “eu”.
A
velha natureza pecaminosa ainda pode nos atrair, mas temos o poder de não ceder
a ela. Podemos ser surdos aos seus comandos, cegos às suas tentações e
insensíveis ao seu poder. Uma alegoria foi usada para ilustrar isso: uma
tripulação de barco à vela está no mar com seu capitão e, por alguma razão, o
capitão perde a cabeça e fica furioso. A tripulação não pode tê-lo como seu
capitão naquele estado, pois ele é capaz de tirar o navio do curso e afogá-los
a todos. Assim, eles o tiram de seu posto e o trancam em sua cabine, e nomeiam
outro capitão. Em seu estado enlouquecido, através da janela de sua cabine, o
velho capitão ainda dá ordens para sua tripulação, mas ela não escuta porque
não o considera mais como seu capitão, e não se apresenta às suas ordens. Eles
se apresentaram de uma vez por todas ao novo capitão.
[1] N. do T.: Conjunto de rígidas normas disciplinares de conduta,
pautadas pela austeridade e pela renúncia aos prazeres corporais e desejos
mundanos, como forma de atingir a iluminação espiritual e a perfeição moral e
religiosa.
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