terça-feira, 9 de outubro de 2018

1) A PESSOA DESCOBRE A PRESENÇA E A ATIVIDADE DA NATUREZA PECAMINOSA EM SUA ALMA (cap. 7:7-13)

1)    PESSOA DESCOBRE A PRESENÇA E A ATIVIDADE DA NATUREZA PECAMINOSA EM SUA ALMA (cap. 7:7-13)

Na seção anterior da epístola, que tem a ver com os pecados, Paulo explicou que a lei ilumina as consciências dos homens e mostra-lhes que eles pecaram (Rm 3:19-20). Isto testemunha o fato de que todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus (cap. 3:23; 1 Tm 1:8-10; Tg 2:9-10). Agora nesta seção da epístola, que vem tratando do assunto do pecado (a natureza maligna no homem), Paulo mostra que a lei também fará com que uma alma vivificada detecte a presença da natureza do pecado em si mesma, e assim se torne consciente do que ela é diante de Deus em seu estado pecaminoso.

Cap. 7:7-8 – Como mencionado, a primeira obra de Deus em nossas almas é a comunicação da vida divina por meio do novo nascimento (vivificação), pelo qual nos tornamos conscientes de Deus de uma nova maneira. Como resultado de ter vida divina, haverá uma genuína busca por Deus e por santidade. Se a pessoa teve uma educação na qual foi exposta à lei – como Paulo supõe aqui – ela tentará sinceramente atender às exigências da lei. Tendo luz limitada, irá presumir que o guardar da lei é o caminho para obter santidade, não sabendo que esse não é o caminho de Deus para a santificação prática.
Já que o guardar da lei não é o caminho de Deus para a santidade, poderíamos concluir que a lei é inútil, até mesmo pecaminosa. Paulo antecipa essa suposição equivocada e diz: “Que diremos pois? É a lei pecado? De modo nenhum [longe esteja o pensamento – JND]: mas eu não conheci o pecado [a natureza pecaminosa] senão pela lei; porque eu não conheceria a concupiscência, se a lei não dissesse: Não cobiçarás. Mas o pecado, tomando ocasião [um ponto para ataque – JND] pelo mandamento, obrou em mim toda a concupiscência: porquanto sem a lei estava morto o pecado”. Isso mostra que a lei certamente tem um uso. O décimo mandamento que Paulo cita aqui se distingue dos outros nove, pois não trata de uma ação má, mas sim de uma concupiscência no coração. Somos condenados por este mandamento, sem termos feito nenhum ato específico de pecado, e assim somos levados a perceber que temos uma natureza corrupta. Enquanto a lei certamente trata de atos de pecado (obras más), dificilmente precisamos dela para dizer-nos que fizemos algo errado porque temos consciência. Mas a consciência não nos revelará nosso estado interior de pecado. A lei, por outro lado, faz com que a alma vivificada descubra a presença de sua natureza maligna.
J. N. Darby observou: “A lei tem seu uso, a saber, em trazer a consciência do que somos – do nosso estado. Foi culpa da lei, este domínio do pecado, enquanto estávamos sob ela? Não, foi culpa do pecado e da concupiscência que a lei condenou. ‘Mas isso’, diz o apóstolo, ‘eu não conheceria, se a lei não dissesse: Não cobiçarás’. Se ele tivesse cometido um homicídio, teria se dado conta do fato; sua consciência natural teria tomado conhecimento disso. Mas não estamos tratando dos pecados agora (como antes observado), mas do pecado. Eu não conheceria a concupiscência, a menos que a lei tivesse mostrado a malignidade em seus primeiros movimentos. Muitos não cometeram crimes – nem mataram, nem roubaram nem cometeram adultério; mas quem nunca cobiçou?.... O objetivo aqui é detectar a natureza maligna por seu primeiro movimento – concupiscência. Não, de fato, o que fizemos, mas o que somos” (Collected Writings, vol. 26, pág. 158-159). Assim, se permitirmos que o décimo mandamento da lei nos examine, ele nos mostrará o que somos diante de Deus quanto à nossa natureza.
Ele diz: “porquanto sem a lei estava morto o pecado” (v. 8b). Isto é, antes que a lei tenha ação sobre a alma de uma pessoa, ela está inconsciente quanto à presença e atividade de sua natureza pecaminosa. Nesse estado, ela não está ciente das obras do pecado em seu interior porque sua consciência não foi penetrada pela voz de autoridade das santas exigências de Deus. A pessoa vive de acordo com a energia irresistível do pecado e é levada inconscientemente por sua força. Nesse estado, não é possível que esteja sensível à presença da natureza pecaminosa, porque está “absolutamente identificada” com ela.
Cap. 7:9-10 – Ele diz (hipoteticamente): “E eu, nalgum tempo, vivia sem lei”. Isto é, no estado de estando “morto o pecado”, ele estava vivo para a vida aqui na Terra sob os ditames do pecado, mas bastante inconsciente do seu poder e seu caráter escravizador. Mas quando Deus começou a trabalhar em sua alma vivificada, tudo mudou. Ele diz: “mas, vindo o mandamento, reviveu o pecado, e eu morri”. Quando a voz autoritária de Deus na lei alcançou sua alma vivificada, isto colocou o pecado em ação – “reviveu o pecado”. A lei traçou uma linha e o proibiu de passar por sobre a linha. Dizia: “Não cobiçarás”. O pecado respondeu prontamente passando por cima dela, e ele desejou em seu coração a exata coisa que a lei proibia. E, como consequência de quebrar a lei, a lei o condenou à morte como um transgressor, e assim ele diz, “e eu morri”. Ele concluiu: “E o mandamento que era para vida, achei eu que me era para morte”. Isto é, a lei coloca a vida diante de nós, dizendo: “faze isso, e viverás” (Lc 10:28), mas como ele não guardou as exigências da lei, ela o condenou à morte.
M. C. G. disse: “Como um nadador tranquilamente flutuando na correnteza. Ele não sente a força da correnteza, enquanto nela flutua, pois está temporária e absolutamente identificado com ela. Todo movimento dessa correnteza é também seu movimento; para ele, a quantidade de energia viva da correnteza é desconhecida e sem vida. Mas, enquanto desfruta de forma indiferente dos momentos que passam, uma voz da margem o alcança com séria e autoritária advertência sobre as quedas que estão escondidas da vista, em direção as quais a correnteza traiçoeira certamente o carrega. E agora? Coloque novamente em termos das Escrituras: ‘mas, vindo o mandamento, reviveu o pecado, e eu morri’. Sendo ouvida a advertência, a indiferença é banida rapidamente. O nadador, alarmado com o perigo repentinamente descoberto, se empenha para esforçar todos os seus músculos para avançar contra a correnteza que outrora o carregava em seu seio perfeitamente sem perturbações; ele agora se tornou perfeitamente consciente da energia viva da correnteza; ela está viva com um poder invencível para ele agora, e com ela a sentença de morte, qual seja, que o esforço próprio, foi provado ser inútil, ‘eu morri’” (The Christian Friend, vol. 23, pág. 157).
Cap. 7:11-13 – Paulo diz (hipoteticamente) que o pecado o havia “enganado” totalmente, tornando-o insensível à sua condição deplorável. Também, pelo 10º mandamento, o “matou”. A questão é: “Quem é o culpado por esta morte?” Podemos pensar que, se a lei provoca a concupiscência na alma e causa a morte, então certamente deve ser algo mau. Longe de ser mau, Paulo diz que o mandamento é “santo, justo e bom”. Assim, a lei não tem culpa nesta morte. Ele então pergunta: “Logo tornou-se-me o bom em morte?” Isto é, foi a lei que morreu? Ele responde: “De modo nenhum [longe seja o pensamento – JND]. A lei não havia morrido; foi ele quem morreu! A lei (particularmente o 10º mandamento) apenas fez com que o pecado se “mostrasse” como realmente é; ela traz à luz o verdadeiro caráter da natureza pecaminosa como sendo “excessivamente maligno”.
Assim, a lei não só fará com que um homem descubra que pecou, mas se compreendida apropriadamente, também lhe mostrará que seu estado é excessivamente pecaminoso.  J. N. Darby disse: “A lei se aplica ao homem na carne; mas nós morremos, não estamos na carne: quando estávamos, aplicava-se. Aplicada à carne, provocou o pecado e condenou o pecador. Mas ele morreu sob ela, quando estava sob ela – morreu sob ela em Cristo” (Collected Writings, vol. 10, pág. 10). Isso mostra que a lei serve a um propósito; ao condenar a concupiscência no coração humano, manifesta o fato de que todos os homens têm uma natureza pecaminosa – quem não cobiçou? E, no fracasso de uma pessoa em manter a lei, ela o condena à morte. Mas tendo operado a morte na pessoa, a lei então não tem mais aplicação para ela, pois não tem nada a dizer a um homem morto. Assim, está livre dela! (cap. 6:7) Esse conhecimento é importante no processo de obtenção de libertação, pois não será por meio da lei. A lei detecta a concupiscência, mas não a remove.

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