Servos
do Pecado ou Servos da Justiça?
Cap. 6:15-23 – O pecado assumiu o
domínio sobre nós em tempos passados, mas pela aplicação desses princípios, não
precisa mais ser assim. No entanto, precisamos entender que a libertação do
pecado não é algo automático. Como Paulo demonstrou nos versículos 11-13, Deus
quer que sejamos responsavelmente exercitados no assunto. Assim sendo, a grande
questão para nós é: “Em que estado ou esfera de vida estou escolhendo viver,
agora que sou Cristão?” Se uma nova esfera de vida foi aberta para eu viver por
meio da morte e ressurreição de Cristo (v. 11), por que então eu quereria viver
na velha esfera, da qual Cristo me salvou? Não estou livre de toda essa ordem
de vida no mundo que foi julgada por Deus? Como posso encontrar meu prazer
naquela cena iníqua, pela qual Cristo morreu para romper minhas conexões?
Um Cristão que escolhe viver nesse
velho estado e busca prazer e satisfação, manifesta uma ignorância (ou
incredulidade) a respeito do que a Palavra de Deus diz sobre a carne. Nesta
passagem, Paulo nos ensina que, embora a carne tenha sido julgada (“anulada” – Rm 6:6 – JND), ela é um
inimigo que ainda não foi destruído, e se possível, o diabo buscará
oportunidade por meio dela para controlar a vida do crente e levá-lo para todos
os tipos de pecados. É um fato que, se escolhermos viver nesse velho estado, a
carne se levantará em nós e dominará nossas vidas. Todo Cristão, portanto,
precisa aprender – e aprender bem – que “carne
para nada aproveita” (Jo 6:63), e desistir de procurar algo nessa esfera
para satisfazer seu coração. É uma esfera perigosa para se viver
espiritualmente, e certamente não é onde Deus quer que vivamos. Ela levará à nossa
queda espiritual.
Os crentes geralmente demoram a
aceitar essa verdade e, portanto, precisam aprender com a experiência que o que
Deus diz sobre a carne é verdadeiro. Nesta próxima série de versículos, Paulo
mostra que a santificação prática é algo progressivo na vida de um crente.
Cap. 6:15 – Paulo agora trata da
questão dos crentes escolhendo pecar porque estão sob a graça. Ele faz uma
pergunta similar àquela do versículo 1: “Pois
quê? Pecaremos porque não estamos debaixo da lei, mas debaixo da graça?”
Ele responde da mesma maneira que respondeu a pergunta no versículo 1 – “De modo nenhum [longe esteja o pensamento – JND]”. De modo algum a graça de Deus foi planejada para encorajar os
Cristãos a pecar. Tal ideia é completamente ilógica. Como podemos louvar e
agradecer ao Senhor por sofrer na cruz as agonias do julgamento de Deus, para
pagar pelos nossos pecados e, ao mesmo tempo, continuar cometendo esses mesmos
pecados? Isso deveria ser abominável para todo crente de mente correta. Os
Cristãos podem falhar no caminho da fé e pecar, e se o fizerem, eles se julgam
em arrependimento e se levantam e continuam (1 Jo 1:9; Pv 24:16). Mas seguir
voluntariamente o curso do pecado porque estamos sob a graça não é o
Cristianismo normal. Isso leva a questionar se a pessoa que segue esse caminho
realmente entendeu o evangelho que ele professa ter crido. Uma pessoa que
justifique esse tipo de andar geralmente não é salva.
Podemos nos perguntar por que Paulo
tomaria tempo para tratar dessa questão, quando todo Cristão de mente sóbria
nem mesmo cogitaria tal ideia. No entanto, devemos lembrar que Paulo estava
enfrentando as objeções de mestres judaizantes que eram oponentes da doutrina
da justificação pela fé. Eles eram legalistas que acreditavam que pregar o
evangelho que Paulo pregava (“uma vez salvo, sempre salvo”, como dizem)
encorajava a frouxidão e o pecado entre os Cristãos. Seu remédio era colocar os
crentes sob a lei e fazê-los tentar aperfeiçoarem-se em santidade aderindo às
suas exigências. Eles acreditavam que, se os Cristãos fossem mantidos com medo
de perder sua salvação se pecassem, seriam mais cuidadosos e diligentes em
viver de maneira correta.
Essa ideia, no
entanto, manifesta uma ignorância do que é a lei e o que a lei pode e não pode
fazer. Simplificando, a lei pode exigir
uma vida santa, mas não pode produzi-la.
Não foi dada para esse propósito. Mesmo que guardar a lei pudesse produzir uma
vida santa, ainda assim erraria o alvo. O objetivo de Deus é produzir um
companheirismo dedicado e afetuoso para com Cristo, naqueles que têm um
relacionamento com Ele, que é motivado pelo amor (Jo 14:15, 15:9; 2 Co 5:14). O
legalismo não fará isso. Sob os ditames legais, o Cristianismo se torna um
conjunto mundano de regras e regulamentos, deixando intocados os corações
daqueles sob tal sistema. Todos esses meios não produzem afeição por Cristo,
nem encorajam um íntimo relacionamento com Ele.
Nenhum comentário:
Postar um comentário