domingo, 30 de setembro de 2018

Paciência


Paciência

Cristo levando os pecados dos crentes que viveram em tempos antes da cruz só poderia ser possível por meio da “paciência de Deus”. A paciência tem a ver com Deus conhecer e registrar os pecados, mas não exigir um pagamento por eles imediatamente após serem cometidos. Por meio de Sua paciência, Deus reteve ou suspendeu o juízo dos pecados daqueles que creram antes de Cristo vir para pagar o preço por eles. (Essas pessoas não tiveram conhecimento sobre como, quando ou aonde o Salvador viria para pagar o preço de seus pecados, o que foi trazido à luz pelo evangelho.) Esse “passar por sobre os pecados” (JND) não poderia continuar indefinidamente; esses pecados tinham de ser tratados com justiça em algum momento – e foi isso que aconteceu na cruz. Se Deus nunca tratasse deles, Ele provaria ser injusto, pois todo pecado e desobediência deve receber sua “justa retribuição” (Hb 2:2). Por isso, Sua paciência estava em exercício em conexão com os pecados de todos os que creram antes de Cristo morrer. Quando eles morreram, foram para o céu sob uma base de crédito, por assim dizer. O juízo de seus pecados seria armazenado por Deus até que Cristo viesse como o Emissário do pecado, e então o juízo seria derramado sobre Ele. A fé daqueles que viveram antes da época de Cristo seria contada como justiça, como foi testemunhado no caso de Abraão no capítulo 4. Embora Cristo ainda não tivesse pagado pelos seus pecados, ele foi para o céu (Lc 16:23). Assim, por meio da paciência divina, houve o “passar por sobre os pecados” por aproximadamente 4.000 anos da história do homem, até a cruz, quando foram tratados com justiça e tirados para sempre.
Há um tipo disso no Velho Testamento. Em Josué 3:14-17, os filhos de Israel atravessaram o rio Jordão e entraram na terra de Canaã. No momento em que os pés dos sacerdotes que levavam “a arca de Deus” (um tipo de Cristo) pisaram na borda do rio, um milagre ocorreu. As águas do Jordão (que falam do juízo que foi derramado sobre Cristo na cruz) que vinham de cima, “levantaram-se num montão” e foram detidas por todo o caminho de volta à “cidade de Adão” (ARF) – que era situada no rio cerca de 30 quilômetros ao norte. Isso tipifica a eficácia da obra de Cristo, sendo capaz de cuidar dos pecados de todos que tiveram fé por todo o caminho de volta até Adão, o primeiro pecador.
A “paciência de Deus” também é ilustrada em tipo no Dia da Expiação (Lv 16). A cada ano, o sangue da vítima era colocado no propiciatório, e Deus exercitava Sua paciência em relação aos pecados de Israel por mais um ano. Na epístola aos Hebreus, Paulo explica que desde que o processo tinha de ser repetido ano a ano (Hb 9:7), mostrava que aqueles pecados ainda estavam em memória diante de Deus, e que os sacrifícios no Dia da Expiação tinham não tirado esses pecados. Eles foram cobertos (o significado de expiação) por mais um ano por aqueles sacrifícios, mas eles não tinham sido tirados. Em Hebreus 10, Paulo prossegue explicando que quando Cristo veio Sua única oferta pelos pecados foi suficiente para “tirar” os pecados dos crentes, de uma vez por todas (Hb 10:1-17; 1 Jo 3:5).
O capítulo 3:25 da KJV é um pouco enganoso. Diz: “pecados que são do passado”. Isso levou alguns a pensarem que Paulo estava se referindo aos pecados que os Cristãos cometeram em suas vidas antes de se converterem. Mas, como mostramos, não é disso que Paulo estava falando. A nota de rodapé da Tradução de J. N. Darby declara: “Deus passou por sobre os pecados, e não os trouxe a julgamento, dos crentes do Velho Testamento”. Assim, foram os pecados das pessoas que viviam no “passado” [dantes] – isto é, nos tempos do Velho Testamento.
 Além disso, a KJV diz: “a remissão dos pecados”, mas esta frase deveria ser traduzida como “o passar por sobre os pecados”. Remissão de pecados é o perdão dos pecados, e é frequentemente traduzida como tal (Lc 24:47; At 5:31, 13:38, 26:18; Ef 1:7). Conforme anunciado no evangelho, envolve a alma sabendo em sua consciência que seus pecados são eternamente perdoados, e tem a ver com o crente tendo uma consciência purificada (Hb 9:14, 10:1-17). Este aspecto eterno do perdão dos pecados, que os Cristãos têm, é algo que os santos do Velho Testamento não tinham. Seus pecados foram tratados na cruz, e os santos estão no céu agora, mas não tinham o conhecimento consciente disso. Não há precisão, portanto, em traduzir-se a passagem como “a remissão de pecados”. Os crentes do Velho Testamento só conheciam o perdão governamental de Deus, que tem a ver com Deus perdoar (e não punir) uma pessoa pelos seus erros enquanto vive na Terra, porque a pessoa está arrependida (Lv 4; Sl 32, etc.). O perdão oferecido pelo Senhor em Seu ministério terreno nos quatro evangelhos também foi governamental (Lc 5:20, 7:47-48, etc.). O aspecto eterno do perdão foi anunciado pela primeira vez após a redenção ser consumada, quando Cristo ressuscitou dentre os mortos (Lc 24:47; At 2:38, etc.).

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Uma Publicação VERDADES VIVAS

O Livro impresso  está disponível  ➪   AQUI  O Livro eletrônico está disponível  ➪   AQUI Caso queria compartilhar este livro, segue o l...