Paciência
Cristo levando os pecados dos
crentes que viveram em tempos antes da cruz só poderia ser possível por meio da
“paciência de Deus”. A paciência tem
a ver com Deus conhecer e registrar os pecados, mas não exigir um pagamento por
eles imediatamente após serem cometidos. Por meio de Sua paciência, Deus reteve
ou suspendeu o juízo dos pecados daqueles que creram antes de Cristo vir para
pagar o preço por eles. (Essas pessoas não tiveram conhecimento sobre como,
quando ou aonde o Salvador viria para pagar o preço de seus pecados, o que foi
trazido à luz pelo evangelho.) Esse “passar
por sobre os pecados” (JND) não poderia continuar indefinidamente; esses
pecados tinham de ser tratados com justiça em algum momento – e foi isso que
aconteceu na cruz. Se Deus nunca tratasse deles, Ele provaria ser injusto, pois
todo pecado e desobediência deve receber sua “justa retribuição” (Hb 2:2). Por isso, Sua paciência estava em
exercício em conexão com os pecados de todos os que creram antes de Cristo morrer. Quando eles morreram, foram para o céu sob
uma base de crédito, por assim dizer. O juízo de seus pecados seria armazenado
por Deus até que Cristo viesse como o Emissário do pecado, e então o juízo seria
derramado sobre Ele. A fé daqueles que viveram antes da época de Cristo seria
contada como justiça, como foi testemunhado no caso de Abraão no capítulo 4.
Embora Cristo ainda não tivesse pagado pelos seus pecados, ele foi para o céu
(Lc 16:23). Assim, por meio da paciência divina, houve o “passar por sobre os pecados” por aproximadamente 4.000 anos da
história do homem, até a cruz, quando foram tratados com justiça e tirados para
sempre.
Há um tipo disso no Velho
Testamento. Em Josué 3:14-17, os filhos de Israel atravessaram o rio Jordão e
entraram na terra de Canaã. No momento em que os pés dos sacerdotes que levavam
“a arca de Deus” (um tipo de Cristo)
pisaram na borda do rio, um milagre ocorreu. As águas do Jordão (que falam do
juízo que foi derramado sobre Cristo na cruz) que vinham de cima, “levantaram-se num montão” e foram
detidas por todo o caminho de volta à “cidade
de Adão” (ARF) – que era situada no rio cerca de 30 quilômetros ao norte.
Isso tipifica a eficácia da obra de Cristo, sendo capaz de cuidar dos pecados
de todos que tiveram fé por todo o caminho de volta até Adão, o primeiro
pecador.
A “paciência de Deus” também é ilustrada em tipo no Dia da Expiação
(Lv 16). A cada ano, o sangue da vítima era colocado no propiciatório, e Deus
exercitava Sua paciência em relação aos pecados de Israel por mais um ano. Na
epístola aos Hebreus, Paulo explica que desde que o processo tinha de ser
repetido ano a ano (Hb 9:7), mostrava que aqueles pecados ainda estavam em memória
diante de Deus, e que os sacrifícios no Dia da Expiação tinham não tirado esses
pecados. Eles foram cobertos (o
significado de expiação) por mais um ano por aqueles sacrifícios, mas eles não tinham
sido tirados. Em Hebreus 10, Paulo
prossegue explicando que quando Cristo veio Sua única oferta pelos pecados foi
suficiente para “tirar” os pecados
dos crentes, de uma vez por todas (Hb 10:1-17; 1 Jo 3:5).
O capítulo 3:25 da KJV é um pouco
enganoso. Diz: “pecados que são do
passado”. Isso levou alguns a pensarem que Paulo estava se referindo aos
pecados que os Cristãos cometeram em suas vidas antes de se converterem. Mas,
como mostramos, não é disso que Paulo estava falando. A nota de rodapé da
Tradução de J. N. Darby declara: “Deus passou por sobre os pecados, e não os trouxe
a julgamento, dos crentes do Velho Testamento”. Assim, foram os pecados das
pessoas que viviam no “passado”
[dantes] – isto é, nos tempos do Velho Testamento.
Além disso, a KJV diz: “a remissão dos pecados”, mas esta
frase deveria ser traduzida como “o
passar por sobre os pecados”. Remissão de pecados é o perdão dos pecados, e
é frequentemente traduzida como tal (Lc 24:47; At 5:31, 13:38, 26:18; Ef 1:7).
Conforme anunciado no evangelho, envolve a alma sabendo em sua consciência que seus pecados são eternamente
perdoados, e tem a ver com o crente tendo uma consciência purificada (Hb 9:14,
10:1-17). Este aspecto eterno do perdão dos pecados, que os Cristãos têm, é
algo que os santos do Velho Testamento não tinham. Seus pecados foram tratados
na cruz, e os santos estão no céu agora, mas não tinham o conhecimento
consciente disso. Não há precisão, portanto, em traduzir-se a passagem como “a remissão de pecados”. Os crentes do Velho
Testamento só conheciam o perdão governamental
de Deus, que tem a ver com Deus perdoar (e não punir) uma pessoa pelos seus
erros enquanto vive na Terra, porque a pessoa está arrependida (Lv 4; Sl 32,
etc.). O perdão oferecido pelo Senhor em Seu ministério terreno nos quatro
evangelhos também foi governamental (Lc 5:20, 7:47-48, etc.). O aspecto eterno do perdão foi anunciado pela
primeira vez após a redenção ser
consumada, quando Cristo ressuscitou dentre os mortos (Lc 24:47; At 2:38,
etc.).
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