“Salvos”
e “Salvação”
Neste versículo (16), chegamos à
primeira referência à “salvação” na
epístola. Muitos Cristãos não estão cientes de que a salvação é um assunto
amplo na Palavra de Deus, tendo muitos aspectos e aplicações. Eles se regozijam
no fato de terem sido salvos do castigo de seus pecados por meio da fé em
Cristo, e em sua simplicidade imaginam que em todo lugar onde “salvos” ou “salvação” são mencionados nas Escrituras, está se referindo a esse
aspecto eterno. No entanto, isso é um engano que certamente levará a várias
ideias erradas. O Sr. Kelly, de fato, aponta que o aspecto eterno da salvação
do castigo de nossos pecados geralmente não é o que está em vista na maioria das passagens que falam da
salvação! (Lectures on Philippians,
pág. 43; Lectures Introductory to the Study
of the Minor Prophets, pág. 379) Faríamos bem em deixar que essa afirmação
penetrasse profundamente em nossas mentes. Isso significa que quando nos
deparamos com as palavras “salvo” e “salvação” em nossas Bíblias,
provavelmente não está se referindo
ao livramento do castigo de nossos pecados! Dito isto, a salvação neste
versículo 16 é o aspecto eterno da salvação do castigo de nossos pecados.
Paulo acrescenta que o evangelho é
para “todo aquele que crê; primeiro do judeu,
e também do grego”. Isso
mostra que o evangelho não tem fronteiras raciais; é para “todos”. Não importa se uma pessoa é – como as crianças da Escola
Dominical cantam – “Vermelho ou amarelo, preto ou branco, todos são preciosos à
Sua vista”. A única condição ligada ao evangelho é que a pessoa tem de crer
nele. O evangelho não tem poder para aqueles que confiam na circuncisão para a
salvação, ou para aqueles que estão tentando guardar a Lei para a salvação, ou
para aqueles que confiam no batismo e na frequência à igreja para a salvação,
etc. – seu poder é somente para aqueles que creem
em sua mensagem a respeito do Senhor Jesus Cristo.
A Bíblia indica que as bênçãos do
evangelho não serão possuídas por todas as pessoas na raça humana, porque “porque a fé não é de todos” (2 Ts
3:2). É triste dizer que há muitos que, depois de ouvirem o evangelho, escolhem
não crer nele. Nós só podemos orar por tais para que mudem de ideia antes que
seja tarde demais. O comentário de Paulo: “primeiro
do judeu, e também do grego”
é uma referência à ordem histórica por onde se iniciou o evangelho; não é uma prioridade
das pessoas. (Veja Atos 15:11)
Note também: Paulo não diz que esta
mensagem de boas novas é enviada aos anjos. O evangelho, que promete a
salvação, não é para essa classe de seres. O anjo que veio aos pastores em
Belém para lhes contar sobre o nascimento do Senhor Jesus fez referência a esse
fato. Ele disse: “Pois, na cidade de
Davi, vos nasceu hoje o Salvador, que é Cristo, o Senhor” (Lc 2:11).
Ele não disse: “Nos nasceu hoje...”. Os anjos eleitos não pecaram e,
portanto, não precisam da graça redentora, e não há misericórdia para os anjos
que caíram (Mt 25:41).
A mensagem do evangelho não é para anjos, nem é levada por anjos. Deus não enviou anjos para
pregar o evangelho da Sua graça. Ele queria apenas homens redimidos para levar
essa mensagem a outros – isto é, pessoas que experimentaram pessoalmente seu
poder, amor e graça. Assim, ela seria comunicada a outros, não apenas como
fatos e conhecimento, mas como algo que teve um efeito pessoal sobre o portador
das boas novas, em relação à bênção de sua própria alma. O velho ditado é: “O
que vem do coração (de uma pessoa) vai para o coração (de outra pessoa)”. Um
anjo não pode transmitir isso, pois ele nunca experimentou essa graça.
Este fato é visto no relato da
salvação de Cornélio (At 10). Ele precisava ouvir as palavras pelas quais ele e
sua casa poderiam ser “salvos” (At
11:14). Um anjo apareceu e disse-lhe o que fazer; ele deveria mandar chamar um homem de nome Pedro, que lhe diria como
ser salvo. Deus poderia ter mandado o anjo falar-lhe do evangelho e, assim,
poupar os homens que iam encontrar Pedro, do problema de fazer a viagem de 64
quilômetros de Cesareia até Jope. Além disso, teria poupado Pedro do trabalho
de ir até Cesareia. Mas o anjo não faria isso, porque levar a mensagem da graça
redentora não é para os anjos.
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