Comunicações Pessoais
Cap. 1:8-15 – Tendo se apresentado
formalmente, Paulo agora deixa clara sua razão para escrever. Ele também faz
conhecidos seus desejos pessoais aos crentes Romanos. Paulo busca ganhar sua
confiança sendo o mais transparente possível com eles – até mesmo ao ponto de
invocar a Deus como uma “testemunha”
de sua genuinidade – manifestando assim seu sincero cuidado pelo seu bem-estar
espiritual. Seu desejo era que vissem que ele não tinha em seu coração nada além
que bem estar deles.
Paulo agradeceu a Deus pela verdade
da fé deles que se espalhou por toda a comunidade Cristã em “todo o mundo”. Essa é uma expressão
que se refere ao Império Romano; não é o globo inteiro (Lc 2:1). Ele também
orou intensamente pelos santos em Roma e pediu que Deus lhe permitisse ir até
eles. Ele tinha duas razões
principais para isso:
- Para comunicar “algum dom espiritual” a fim de que fossem firmados (vs. 10-11 – ATB).
- Para que tanto ele quanto eles tivessem “mútuo conforto” (JND) na senda Cristã por meio da comunhão (vs. 12-13).
Em primeiro lugar, o desejo de
Paulo de comunicar algum “dom
espiritual” aos Cristãos romanos não
era o que vemos nas atividades atuais do movimento pentecostal/carismático.
(Este grupo Cristão promete uma “segunda bênção” para os Cristãos algum tempo
depois de terem sido salvos, na qual professam ter o dom de línguas, cura,
etc.) Paulo estava falando de um dom espiritual no sentido de dar alguma
verdade espiritual aos santos em Roma. Como ele não havia estado em Roma, era
provável que eles fossem deficientes em seu entendimento em relação a algumas
coisas que ensinava, e ele simplesmente desejava preencher aquelas coisas que
lhes faltavam no entendimento (compare 1 Tessalonicenses 3:10). A intenção de
Paulo em dar-lhes um dom espiritual era que eles fossem “firmados” na fé Cristã. Isso prova que o dom ao qual ele estava se
referindo não era um dom milagroso de sinais, porque esses não edificam
(estabelecem) o entendimento da verdade em alguém.
Nem a referência de Paulo a uma “jornada próspera” (v. 10 – KJV)
significa que esperava ganhar dinheiro nessa viagem; ele simplesmente desejava
que Deus o prosperasse assim teria condições financeiras para ir. (Veja a nota
de rodapé da Tradução de J. N. Darby)[1]. Como
se viu, a oração de Paulo foi respondida de uma maneira completamente diferente
da qual havia orado; o último capítulo do livro dos Atos registra que ele
chegou lá como um prisioneiro!
A outra razão de Paulo de querer ir
aos Cristãos romanos foi, como mencionado acima, para “mútuo conforto”. Eles o encorajariam e ele os encorajaria “pela fé mútua, assim vossa como minha”.
Paulo lhes explica que a razão pela qual não tinha chegado até eles até agora
era porque tinha “sido impedido”. Como
a porta foi fechada naquele momento, Paulo se comprometeu a escrever esta carta
em um esforço para ajudá-los a entender seu evangelho e, assim, levá-los ao
caminho de serem estabelecidos na fé. Ele prometeu que quando chegasse lá, lhes
daria “a plenitude da bênção de Cristo”
(cap. 15:29 – ATB). Isso é uma alusão à verdade do Mistério, que é uma linha da
verdade mais elevada que a do evangelho, e é o que realmente completa a
revelação Cristã (Cl 1:25-26 – JND). Entendendo o Mistério, que conduz o crente
de acordo com “o propósito” de Deus “para os séculos” (Ef 3:11 – JND) e
também de acordo com Seu roteiro para a presente dispensação (1 Tm 1:4 – JND).
Ambas as linhas da verdade – o evangelho e o Mistério – são necessárias para o
estabelecimento do crente na fé Cristã (Rm 16:25).
V. 14 – Paulo disse que estava
pronto para pregar e ensinar o evangelho a todos. Ele sentiu que tinha uma
dívida a pagar ao anunciar o evangelho – afirmando: “Eu sou devedor...”.
Primeiramente, ele estava pronto
para pregar para os vários tipos de incrédulos – “os gregos” e “os bárbaros”.
Essas eram as pessoas civilizadas e incivilizadas deste mundo nos dias de
Paulo. (Ao usar o termo “grego”, ele
não está se referindo àqueles que são gregos apenas por nacionalidade. É um
termo genérico que inclui todas as pessoas entre os gentios que foram educadas
e refinadas até certo ponto sob a cultura grega. Um romano refinado, por
exemplo, teria este título). Então ele diz: “tanto a sábios como a ignorantes”. Esses eram os povos instruídos
e não instruídos do mundo. Assim, ao se referir a essas diferentes classes de
homens perdidos, Paulo traçou uma linha sobre o globo de norte a sul, e de
leste a oeste, e tocou em todo tipo de incrédulo que existe no mundo. Qualquer
que seja seu status na vida – rico ou
pobre, educado ou sem instrução, negro ou branco – Paulo estava pronto e
disposto a lhes pregar as boas novas, porque genuinamente se importava com eles
e desejava que todos fossem salvos.
V. 15 – Em segundo lugar, Paulo
estava pronto para falar aos crentes
sobre o evangelho também. Ele disse: “estou
pronto para também vos anunciar o evangelho, a vós que estais em Roma”. “Vos” são os crentes em Roma. Podemos
nos perguntar por que ele gostaria de levar o evangelho aos crentes quando já
eram salvos, mas foi porque queria que conhecessem melhor a verdade do
evangelho. Sua apresentação do evangelho aos crentes é claro, teria um caráter
diferente daquele que enfatizaria aos incrédulos. Este segundo ponto mostra que
há uma necessidade não apenas de pregar
o evangelho aos pecadores, mas também de ensinar
o evangelho aos santos. Os santos precisam aprender de forma sadia a verdade do
evangelho porque isso dá à alma uma base sólida sobre a qual crescerão
espiritualmente (Rm 16:25). Traz segurança, paz e gratidão, das quais vêm obediência
e devoção no serviço, que os capítulos 12-15 desta epístola indicam.
Vemos dos versículos 14 e 15 que não
foi por falta de vontade que Paulo não tinha ido a Roma com o evangelho (ele
estava pronto para isto quando o Senhor abrisse a porta); mas que ele não tinha
tido oportunidade, sendo impedido “muitas
vezes” (v. 13).
[1]
“Isto não
se refere à uma viagem próspera, mas à esperança de que Deus poderia favorecer
ou prosperá-lo de maneira que ele pudesse ir; ele havia há muito esperado por
isso e desejava que afinal fosse concedido a ele.”
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