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O HOMEM SE VOLTA PARA A IDOLATRIA (cap. 1:21-23)
– Como o coração humano não pode existir em um estado de vácuo (ele deve ter um
objeto), Paulo mostra que, historicamente, quando os homens deram as costas à
revelação de Deus na criação, eles se voltam para ídolos (falsos deuses) para
preencher o vazio. Paulo diz: “Porquanto,
tendo conhecido a Deus, não O
glorificaram como Deus, nem Lhe
deram graças, antes em seus discursos se desvaneceram, e o seu coração
insensato [sem entendimento] se
obscureceu. Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos. E mudaram a glória do Deus
incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, e de aves, e de
quadrúpedes, e de répteis”.
O
homem começou com certo grau de conhecimento de Deus e certo grau de
proximidade com Deus, mas deu as costas a isso e uma decadência se iniciou
afastando-o de Deus moral e espiritualmente. “Conhecido” (v. 21) é traduzido de “ginosko” no grego; refere-se ao conhecimento exterior e objetivo.[1]
Não é “oida” (a outra palavra usada
no Novo Testamento traduzida como “conhecer”),
que é um conhecimento interior consciente adquirido por ter experiência pessoal
com a coisa em questão. Portanto, o conhecimento que esses pagãos tinham de
Deus era uma coisa apenas superficial. E, porque não foi misturado com fé, eles
abriram mão do que conheciam de Deus, e decadência em relação a Ele começou.
Os homens gostam de pensar que a
raça humana evoluiu de formas inferiores de vida, mas Paulo mostra aqui que o
homem não evoluiu, mas, ao contrário, regrediu – pelo menos moral e
espiritualmente. O homem não começou em um estado depravado; isto foi o
resultado de um processo. Os pagãos entraram em sua condição atual, longe de
Deus, porque suas vontades estavam em ação. Eles não queriam ver a verdade
(sobre Deus) e, consequentemente, perderam a capacidade de enxergá-la. Isso nos
ensina que não podemos virar as costas a Deus e à luz que Ele nos deu, sem
sérias consequências – a mente fica obscurecida e começa a decadência em
direção à ignorância que resulta em idolatria.
O Apóstolo traça a progressão da
decadência em que os pagãos ingressaram ao abandonarem Deus.
- Eles se recusaram a honrar a Deus como Deus – “não O glorificaram como Deus” (v. 21).
- Eles foram ingratos à bondade de Deus – “nem Lhe deram graça” (v. 21).
- Eles começaram a especular sobre Deus – “antes em seus discursos se desvaneceram” (v. 21).
- Eles perderam o pouco conhecimento que tinham de Deus – “seu coração insensato [sem entendimento] se obscureceu” (v. 21).
- Eles se exaltaram em orgulho – “dizendo-se sábios” (v. 22).
- Eles se tornaram insensíveis – “tornaram-se loucos” (v. 22).
- Eles se voltaram para os ídolos – “mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem...” (v. 23).
Mesmo depois que o mundo pagão se
voltou aos ídolos, o declínio continuou. Em seu estado confuso, seus
pensamentos sobre Deus continuamente diminuíram. Primeiro, eles O adoraram como
um “homem”, depois como “aves”, depois como “quadrúpedes” e, por fim, como “répteis”. O Salmo 115:4-8 diz que uma
pessoa que adora ídolos mudos se torna tão sem sentido quanto seus ídolos; ela
perde sua sensibilidade moral e espiritual. Isso é exatamente o que aconteceu
com o mundo pagão. Assim, eles se tornaram “separados
da vida de Deus pela ignorância que há neles, pela dureza do seu coração”
(Ef 4:18). A gravidade do pecado da idolatria é que, na realidade ele consiste
em adorar aos demônios (Lv 17:7; Sl 106:37; 1 Co10:20).
Não há registro na Escritura de
idolatria sendo praticada antes do dilúvio. A primeira menção dela registrada
está em Jó 31:26-27, onde Jó diz que não adoraria o Sol nem a Lua, como outros
homens estavam fazendo. Josué 24:2 refere-se aproximadamente a esse mesmo tempo.
Menciona que Tera adorava outros deuses nos dias anteriores à chamada de Abraão.
A primeira menção de ídolos nas Escrituras é quando Raquel roubou as imagens de seu pai (Gn
31:30-35).
[1]
N. do T: Nota de Rodapé “a” em 1 Coríntios 8:1 da tradução de
JND: “Duas palavras gregas são usadas para “conhecer” no Novo Testamento - ginosko e oida. Ginosko significa
conhecimento objetivo, aquilo que um homem aprendeu ou adquiriu. A expressão
“estar familiarizado com” talvez transmita o significado. Oida transmite o pensamento daquilo que é interior, a consciência
interior da mente, conhecimento intuitivo não diretamente derivado do que é
externo.
A
diferença entre as duas palavras é ilustrada em João 8:55: “E vós não o conheceis (ginosko), mas Eu conheço-O (oida)”; em João 13:7: “O que Eu faço não o sabes (oida) tu agora, mas tu o saberás (ginosko) depois”; e em Hebreus 8:11: “E não ensinará ... dizendo: conhece (ginosko) o Senhor; porque todos Me conhecerão (oida)”.
A
palavra oida é usada em relação a
Cristo como conhecendo o Pai e como conhecendo a hipocrisia dos escribas e
fariseus, e em relação ao conhecimento de Paulo de “um homem em Cristo” e ao conhecimento do Cristão de que tem a vida
eterna. “porque eu sei em Quem tenho
crido” 2 Tm 1:12 - Eu tenho o conhecimento consciente interno de Quem a
Pessoa é: veja também 1 Coríntios. 16:15, 2 Tim. 3:14 e 15 – todas elas se
referem ao conhecimento consciente interno.
A
diferença entre o significado das duas palavras é muitas vezes tênue e um
conhecimento objetivo pode se tornar um conhecimento consciente, mas não o
contrário.
A
palavra grega para consciência é derivada de oida: ver 1 Co 4:4 – ARA: “Porque
de nada me argúi [culpa] a consciência”, isto é, não consciente
de qualquer falha. Na passagem atual, “sabemos
que o ídolo nada é” é um conhecimento consciente: “sabemos que todos temos ciência [conhecimento]” e “a ciência [o conhecimento] incha” é
conhecimento objetivo. “se alguém cuida
saber (conhecimento consciente)
alguma coisa, ainda não sabe (objetivamente) como convém saber (objetivamente)”. “Esse é conhecido (objetivamente) d’Ele”, e assim “conhecimento” em 1 Co
8:10”
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