JUSTIÇA PRÁTICA PARA COM OS FRACOS NA FÉ
Cap. 14:1–15:13 – Outra particularidade judaica que os judeus
convertidos tendiam trazer consigo para a comunhão dos Cristãos era a de manter
certos princípios quanto às regras judaicas referentes a alimentos e à
observância de dias santos que eram guardados no judaísmo. Dois exemplos são
dados:
1) Regras alimentares judaicas – alimentos
kosher (vs. 2-4).
2) A observância dos dias santos judaicos – o
sábado, etc. (vs. 5-6).
Romanos 14 se refere à nossa responsabilidade para com um judeu fraco
recém-convertido do judaísmo; enquanto 1 Coríntios 8 se refere à nossa
responsabilidade para com um gentio fraco recém-convertido do paganismo. Essas
passagens mostram que temos uma responsabilidade em relação a ambos.
V. 1 – A maioria dos judeus convertidos naqueles dias anteriores não
estavam totalmente livres do judaísmo (Hb 13:13) e estavam apegados a certos
costumes e práticas judaicas por uma questão de consciência (At 21:20). O que
os irmãos deveriam fazer quando pessoas assim eram salvas e entravam na
comunhão Cristã? Eles deveriam menosprezar suas preocupações e condená-los?
Isso certamente não seria amor em ação! Pelo contrário, Paulo diz: “ao que é fraco na fé, acolhei-o”
(AIBB) “não, porém, para discutir
opiniões” (ARA).
“Fraco na fé” é alguém deficiente em seu entendimento quanto à posição e liberdade
Cristãs (Gl 5:1) e, consequentemente, tem costumes infundados sobre assuntos de
importância secundária na vida Cristã. (como regra, quando o artigo “a” é usado nas Escrituras em conexão
com “fé”, está se referindo à
revelação Cristã da verdade. Veja Judas 3, etc. Quando o artigo não é
mencionado, está se referindo à energia interior da confiança da alma em Deus.
Veja Atos 20:21; Romanos 14:22, etc.)
A resposta de Paulo a essa dificuldade é que devemos “receber” todas essas pessoas
cordialmente. Isso não se refere à
recepção de uma pessoa em comunhão à mesa do Senhor (recepção da assembleia),
mas ao seu recebimento entre os santos na comunhão social prática. (Mencionamos
isto porque este versículo tem sido frequentemente aplicado fora do seu
contexto e usado indevidamente para apoiar a falsa ideia de que pelo fato de
alguém ter sido recebido de Deus, sendo um crente no Senhor Jesus (v. 3),
estamos obrigados a recebê-lo à Mesa do Senhor, sem levar em consideração suas
associações e seu estado espiritual de alma). Assim, o irmão excessivamente
escrupuloso não deve ser evitado entre os santos. Ao acrescentar: “Não, porém, para discutir opiniões”
(ARA), Paulo está nos alertando para evitar envolver essas pessoas em
argumentos a respeito de seus costumes. Poderia romper desnecessariamente a
harmonia que deveria existir na comunhão Cristã normal. Isso não significa que
eles deveriam adotar essas práticas judaicas para não as ofender. Isso faria
com que os equívocos do irmão fraco governassem e ditassem como os outros
deveria viver. Em vez disso, eles deveriam ter o cuidado de não fazer
deliberadamente na presença do irmão fraco as coisas que poderiam causar-lhe
ofensa
Vs. 2-3 – Ele diz: “Porque um
crê que de tudo se pode comer, e outro, que é fraco, come legumes” Ao
apontar isso, Paulo quer que percebamos que nem todos os crentes estão no mesmo
nível de espiritualidade, maturidade e entendimento; alguns são “fracos” e alguns são “fortes” (cap. 15:1). Assim, devemos
fazer concessões e não forçar as pessoas contra suas consciências nesses
assuntos. Ele diz: “Quem come, não
despreze àquele que não come; e quem não come, não julgue àquele que come,
porque Deus o acolheu” (TB). Isso mostra que devemos respeitar as
consciências e os exercícios pessoais uns dos outros e não passar por cima
deles. Isso poderia ofendê-los. Se certos princípios relativos a estas questões
não são claros a alguém, não devemos julgá-lo naquilo que ele se permite ou não
se permite fazer. Cada um é responsável por andar diante do Senhor na maneira
em que acredita que o Senhor queria que ele andasse (Gn 17:1). Paulo diz: “Para seu próprio Senhor ele está em pé ou
cai”. Isto é, em última análise, ele é responsável perante o Senhor pelo
que faz. Se ele está enganado sobre algum assunto, e se ele está fazendo isso
com fé, acreditando que é a vontade de Deus, Deus honrará sua fé e o impedirá
de sair do caminho – pois “poderoso é
Deus para o firmar”. Assim deve haver mútua tolerância nesses assuntos.
“Um avalia um dia mais que outro dia; outro
avalia todos os dias iguais” (TB).
Alguns tomaram esta declaração como sendo sua liberdade de fazer o que quiserem
no Dia do Senhor, mas não é isso a que Paulo está se referindo aqui. Uma vez
que a passagem está tratando principalmente com judeus convertidos fracos, isso
seria em relação aos dias de sábado, etc. W. Kelly observou: “Um Cristão não
considerar o Dia do Senhor seria uma desonra direta atribuída ao Seu próprio
encontro especial com Seus discípulos naquele dia, um desprezo aberto àquele
testemunho da graça”. Paulo acrescenta: “esteja
cada um plenamente convencido em sua mente”. O problema em muitos casos, é
que quando uma pessoa não está realmente convicta de algum exercício que tenha
sobre a vida Cristã, tentará convencer os outros a respeito disso – até mesmo
impondo tal exercício sobre outros. Elas parecem pensar que, se mais pessoas as
virem da maneira como o fazem, então seria um sinal de que estariam certas. Às
vezes as pessoas usam seus exercícios pessoais para tentar distinguir-se entre
seus irmãos como extremamente santos e piedosos, mas na realidade é a carne em
ação. Esse tipo de coisa tende ao legalismo e significa um desastre entre os
santos. Muitas vezes coloca os irmãos em polos opostos, separando os que “veem”
tal exercício daqueles que não o “veem”. E é tudo porque as pessoas não fizeram
o que Paulo recomenda no final do capítulo – “tem-na para ti mesmo perante Deus” (v. 22).
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