ITINERÁRIO
DE PAULO - Capítulo 15:14-33
Esta última seção é suplementar à doutrina anterior na epístola. Paulo
informa os santos romanos de suas circunstâncias pessoais e suas intenções no
serviço em relação ao evangelho “nos
lugares que estão além” (2 Co 10:16).
Assim, ele encerra a epístola declarando suas razões para escrever a
eles e expressa seu grande desejo de visitá-los. Ele explica que não lhes
escreveu por causa de alguma falta particular da parte deles, mas simplesmente
para comunicar-lhes o evangelho que pregou entre os gentios; prometendo que
quando chegasse a eles, lhes daria “a
plenitude da bênção de Cristo” (v. 29 – ARA) – o que ele não expôs nesta
carta. Esta é uma referência à verdade do “Mistério”,
que foi uma revelação especial dada a ele e a outros apóstolos e profetas (Ef
3:5), para comunicar aos santos. Ele menciona isso no capítulo 16:25.
Vs. 14-15 – Ele disse: “Eu
mesmo estou persuadido a vosso respeito, irmãos meus, que também vós mesmos
estais cheios de bondade, cheios de toda a ciência e capazes de admoestar uns
aos outros. Mas vos escrevo em parte mais ousadamente, como trazendo-vos isto
de novo à memória, por causa da graça que me foi dada por Deus”. Vemos
disto que Paulo estava convencido de que os irmãos em Roma estavam em um bom
estado – “cheios de bondade” – e
assim receberiam suas admoestações. Portanto, ele escreveu a eles com
considerável ousadia. Ele também estava confiante de que eles eram Cristãos
maduros e bem capazes de admoestarem-se mutuamente em amor, e assim
orientarem-se em relação às dificuldades que pudessem surgir entre eles, sem
que ele estivesse presente para fazê-lo. Este é um sinal de uma assembleia
saudável. Paulo, portanto, não tinha intenção de chegar a eles como árbitro ou
regulador. Os que se imaginam ser árbitros ou reguladores podem causar dano
entre o povo do Senhor. Não é que uma assembleia não possa pedir ajuda e
conselho, mas sob condições normais, as assembleias locais devem resolver suas
próprias dificuldades no temor de Deus (Fp 2:12). Uma assembleia que
habitualmente tem seus problemas resolvidos por irmãos de outras localidades
pode perder a bênção prática e a educação espiritual que o Senhor pretende para
eles no problema.
Note que ele menciona “cheio de
bondade” antes de ser capaz de “admoestar
uns aos outros”. Para admoestarmos com eficiência, primeiro precisamos ter
corações cheios de bondade para com aqueles a quem procuramos ajudar, e também
precisamos ter o “conhecimento”
prático dos princípios bíblicos sobre a situação da pessoa. Sem essa graça e
conhecimento, poderíamos causar danos à pessoa e agravar o problema.
Cap. 15:16-17 – Paulo tinha outra razão para ir até eles, e isso
porque ele tinha sido “oficialmente
empregado” (v. 16 – nota de rodapé JND) por Deus como um “ministro de Cristo Jesus entre os gentios”
(TB). Ele tinha uma comissão especial de Deus para os gentios (At 9:15, 22:21;
Gl 2:7; Ef 3:8; Cl 1:27). Como eles eram predominantemente uma assembleia de
gentios – se não exclusivamente gentios, pois Cláudio César expulsara todos os
judeus de Roma (At 18:2) – Paulo sentia que deveria se certificar de que “a oferta dos gentios pudesse ser
aceitável” (JND) para Deus. Isto é, que eles ficariam diante de Deus em
toda a verdade do evangelho e do Mistério. Ele acrescenta: “santificada pelo Espírito Santo”, porque ele entendeu plenamente
que esta obra entre os gentios era realmente uma obra de Deus pelo Espírito, e
ele queria dar a Deus o crédito pelo que Ele havia concebido. Paulo estava,
portanto, justificado em seu desejo de ter “glória
em Jesus Cristo nas coisas que pertencem a Deus”.
Vs. 18-19 – Se houvesse alguma dúvida se ele realmente tinha essa
comissão, isso poderia ser facilmente resolvido pelas suas provas. Ele disse: “Porque não ousarei dizer coisa alguma, que
Cristo por mim não tenha feito, para fazer obedientes os gentios, por palavra e
por obras” (ARF). Isto é, ele não quis comentar sobre o que os outros
estavam fazendo para o Senhor, mas daquilo que ele sabia em primeira mão pelo
Senhor trabalhando por meio dele. Houve uma demonstração de “força de sinais e prodígios, pelo poder do
Espírito Santo” (ARA). E isso acontecera em muitos lugares – “desde Jerusalém, e arredores, até ao
Ilírico” (norte da Macedônia, no Mar Adriático). Essencialmente, isso
aconteceu em todos os lugares onde ele “pregou
plenamente as boas-novas de o Cristo” (JND). Este é um relato da extensão
geográfica de seu ministério, não da ordem cronológica do mesmo.
Vs. 20-21 – A intenção de Paulo era continuar pressionando os gentios
com o evangelho, “não onde Cristo já
fora anunciado” (ARA). Seu ministério consistia mais em penetrar em novas
regiões e deixar o trabalho de pastoreio e de ensinar seus convertidos a outras
pessoas. Ele não tinha intenção de trabalhar onde outros haviam trabalhado e
edificado sobre o “fundamento” – que
é Cristo (1 Co 3:11). Ele cita Isaías 52:15 para mostrar que o princípio de alcançar os gentios dessa
maneira era segundo Deus – “como está
escrito: Aqueles a quem não foi anunciado, o verão, e os que não ouviram o
entenderão”. O ministério de Paulo não foi o cumprimento desta profecia.
Ele não diz que foi – afirmando apenas que o princípio sobre o qual ele agiu
estava de acordo com o que havia sido “escrito”
no Velho Testamento. (Como regra geral, quando algo do Velho Testamento é
cumprido no Novo Testamento, isso é declarado. Veja Mateus 1:22, 2:23; João
19:36-37, etc.)
Vs. 22-24 – Sendo assim ocupado no serviço, Paulo, que muitas vezes
procurara oportunidade para vir a eles, disse: “muitas vezes tenho sido impedido de ir ter convosco” (compare o
capítulo 1:13). No entanto, tendo sido especialmente comissionado com um
ministério para os gentios, Paulo esperava que uma ocasião se abrisse para que
ele viesse a eles em breve. E agora, como seu ministério de apresentar o
evangelho em novas áreas estava em grande parte concluído “nestas regiões” (ARA) – Ásia Menor (Turquia) e Acaia (Grécia) –
ele estava livre para avançar em novas regiões, e assim chegar até eles em seu
caminho para a Espanha.
Vs. 25-27 – Mas Paulo teve uma última responsabilidade para cuidar
antes que ele fosse para os gentios. Ele estava indo para Jerusalém com a
coleta dos irmãos da “Macedônia e Acaia”
(províncias do norte e do sul da Grécia) para dar aos “pobres dentre os santos que estão em Jerusalém”. Lemos sobre isto
em 2 Coríntios 8-9. Paulo e Barnabé entregaram uma oferta semelhante para os
santos de Jerusalém em seus primeiros dias (At 11:29-30). Parece haver duas
razões para a pobreza dos judeus na Judéia:
- Houve uma grande fome naquela terra (At 11:28).
- A vida comunitária que eles haviam praticado em Jerusalém os deixou sem terras e meios para se sustentar (At 2:44-45, 4:34-35). (As escrituras não dizem que isso foi algo que o Senhor pediu para que fizessem).
Os gentios crentes estavam “realmente
bem satisfeitos” (JND) em encaminhar a seus irmãos judeus essa oferta
porque eles se viam como “devedores”
para com eles. Eles haviam participado de suas “coisas espirituais” (TB) (as Escrituras, a presença do Espírito de
Deus, etc.) e achavam que era justo que lhes enviassem alívio em coisas
temporais.
Vs. 28-29 – “E havendo-lhes
consignado este fruto” (colocado a oferta em suas mãos), Paulo pretendia
realmente ir aos santos romanos a caminho da Espanha. E prometeu dar-lhes “a plenitude da bênção de Cristo” (v.
29 - ARA) quando lá chegasse. As versões King James e Almeida Corrigida acrescentam
a palavra “evangelho” de Cristo, mas
ela não está no texto grego. Paulo havia acabado de expor a verdade do
evangelho para eles nesta mesma epístola. A “plenitude” a que ele se refere aqui é a verdade do “Mistério”, para “completar” (JND) a revelação Cristã da verdade (Col. 1:25). Ele
menciona isso no capítulo 16:25. É uma revelação especial da verdade sobre
Cristo e a Igreja. O Sr. Darby menciona que não há registro de que Paulo tenha
chegado à Espanha (Sinopse of the books
of the Bible, on Romans 15).
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