A
Aprovação de Deus da Obra Consumada de Cristo – O Fundamento da Certeza do Crente
Cap. 4:23-25 – Nos últimos três
versículos do capítulo 4, Paulo faz uma poderosa aplicação do princípio que
estabelecera em Abraão, ao que crê hoje no evangelho. É que: se a fé no que Deus disse deu certeza a
Abraão, então a fé no que Deus disse a respeito de Sua aceitação da obra
consumada de Cristo na cruz também dará ao crente certeza a respeito de sua
justificação! Paulo diz: “Ora não só
por causa dele está escrito, que lhe fosse tomado em conta [considerado – JND], mas também por nós, a quem será tomado em conta; os que cremos
naquele que dos mortos ressuscitou a Jesus nosso Senhor”[1].
Assim, devemos aprender com o que Deus registrou nas Escrituras a respeito da
fé de Abraão e aplicá-lo ao nosso caso em relação ao evangelho. Existe uma
diferença; O objeto da fé de Abraão era uma promessa de algo que deveria ser cumprido no futuro, mas o
objeto de nossa fé é algo que já foi
cumprido. Isto é, Abraão creu que Deus daria vida aos mortos (ao seu corpo
e de sua esposa), ao passo que cremos que Deus deu vida dentre os mortos e
justificação ao ressuscitar Cristo, o Salvador. O princípio envolvido é o
mesmo.
Nossa certeza, portanto, é baseada
em conhecimento e fé. Precisamos conhecer os pensamentos de Deus sobre a obra de Cristo na cruz em
conexão com nossos pecados. Então, também precisamos crer no que Deus diz sobre isso – isto é, Seu testemunho a respeito
disso. É isso que dá ao crente a certeza de sua justificação. O fundamento da
certeza de nossa alma não está em nossa aceitação da obra consumada de Cristo –
embora de bom grado a aceitemos – mas na compreensão de que Deus a aceitou! O
sacrifício do Senhor Jesus Cristo na cruz foi uma oferta que não foi feita para nós, mas para Deus. Ele “Se ofereceu
a Si mesmo imaculado a Deus” (Hb 9:14). Foi o que satisfez as
reivindicações da justiça divina contra o pecado. Tudo o que temos de fazer é
crer que Deus está bem satisfeito com o pagamento de Cristo pelos nossos
pecados. Se ele é suficiente para Deus, deve ser o suficiente para nós.
O Sr. G. Cutting tinha uma
ilustração que enfatiza esse ponto. Ele disse que em se tratando de uma dívida
qualquer, o credor é o único que tem o direito de escrever “PAGO” na conta. Não
teria qualquer valor se o devedor o fizesse, porque ele não tem autoridade para
declará-la liquidada. Se o devedor fizesse isso não satisfaria o credor, nem
daria paz ao devedor. A certeza do devedor só pode ser em consequência de saber
que o credor está satisfeito. Da mesma forma, em relação à dívida de nossos
pecados, a única maneira pela qual obteremos a certeza de que ela foi paga é
ver que ela foi resolvida com Deus. Temos de ver que Deus está completamente
satisfeito com o pagamento que Cristo fez por nós. Assim, a maneira de obtermos
certeza no fundo de nossas almas é ver que toda a questão foi resolvida
completamente diante de Deus. Este é o remédio de Deus para as almas que têm
problemas de dúvida quanto à sua salvação.
Além disso, ao chamar Cristo de “Senhor” (v. 24), Paulo inclui Sua
ascensão à glória, pois foi em Sua ascensão que Ele foi feito tanto “Senhor e Cristo” (At 2:36). (O termo “Jesus Cristo, nosso Senhor” é usado
dez vezes nesta epístola. Isso se refere à Sua vinda ao mundo para realizar a
redenção por meio de Sua morte, Sua ressurreição e Sua ascensão à destra de
Deus.) Isso é significativo; dá ao crente uma prova a mais de que seus pecados
se foram. Se Cristo estava levando nossos pecados na cruz, mas agora Ele foi
recebido de volta ao céu, isso mostra que nossos pecados devem ter desaparecido,
porque Deus nunca permitiria que o pecado entrasse em Suas cortes de glória.
Que notícia maravilhosa é essa para o crente! Quando vemos Cristo ressuscitado
e ascendido, também nos vemos justificados. J. N. Darby disse: “A justificação
não foi completada na cruz, a obra pela qual somos justificados foi; mas eu não
tenho certeza disso até ver Cristo em ressurreição” (Collected Writings, vol. 21, pág. 196).
[1]
N. do T.: J. N. Darby traduz esse versículo como: “Ora, isso não foi escrito a seu respeito apenas
de que ela foi considerada a ele, mas a nosso respeito também, aos que cremos
naqu’Ele que ressuscitou dentre os mortos, Jesus nosso Senhor”
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