sexta-feira, 5 de outubro de 2018

O GOZO DA RECONCILIAÇÃO (cap. 5:10-11)


O GOZO DA RECONCILIAÇÃO (cap. 5:10-11)

Paulo menciona um último (mas não menos importante) benefício resultante de ser justificado pela fé – o gozo da reconciliação. Ele diz: “E não somente isto, mas também nos gloriamos [regozijamos] em Deus por nosso Senhor Jesus Cristo, pelo Qual agora alcançamos a reconciliação”. Houve uma mudança radical na mente do crente, pela qual ele agora tem gozo em seu relacionamento com Deus e sua proximidade com Ele.
Um dos tristes resultados da entrada do pecado neste mundo é que existem relações estranhas entre os homens e Deus. Há pensamentos e sentimentos errados no coração e “entendimento [mente]do homem para com Deus (Cl 1:21). Pelo pecado, os homens em seu estado caído tornaram-se “inimigos de Deus” (Rm 1:30 – KJV), e assim eles têm grande “inimizade contra Deus” (Rm 8:7). Assim, os homens são “alienados” (ATB) de Deus e são “inimigos” de Deus (Cl 1:21).
Essa condição de inimizade é totalmente da parte do homem. É o homem que pecou e se afastou de Deus. Mesmo tendo sido o coração do homem corrompido para com Deus, a disposição de Deus para com o homem não mudou. Ele ainda está favoravelmente inclinado às Suas criaturas, pois Ele é o Deus Imutável (Ml 3:6; Hb 13:8; Tg 1:17). Por isso, Deus não é um inimigo do homem, embora o homem por meio da queda tenha se tornado inimigo de Deus. Há, portanto, uma grande necessidade de mudança no coração do homem, mas não no de Deus, pois Ele sempre amou o homem. Assim, não é Deus Quem precisa ser reconciliado com o homem, mas o homem com Deus. Às vezes, quando as pessoas são despertadas para a sua necessidade de serem salvas, elas têm a ideia equivocada de que, como pecaram e estão distantes de Deus, precisam fazer alguma coisa para voltar o coração de Deus para si. Alguns pensam que precisam derramar lágrimas, enquanto outros acham que precisam limpar suas vidas e se tornar religiosos. Mas isso é mal compreender o coração de Deus e Seu caráter imutável. A verdade é que o coração d’Ele sempre foi favorável ao homem, embora o homem tenha pecado contra Ele. Desde o dia em que o pecado entrou na criação, Deus tem procurado o livramento e a bênção do homem.
Visto que Deus não precisa ser reconciliado com o homem – mas sim o homem com Deus – a Escritura não apresenta a reconciliação como a conhecemos hoje no sentido moderno da palavra. (Ela é usada em nossos dias em conexão com duas partes que estavam afastadas, e que se aproximam uma da outra com algum grau de compromisso, para que as relações entre elas pudessem voltar a ser como eram antes.) Reconciliação, como apresentada no evangelho, nunca vê Deus e o homem se encontrando em algum ponto no meio, mas o homem (crente) sendo “levado” a Deus (1 Pe 3:18; Ef 2:13). Para evitar essa ideia equivocada, as Escrituras nunca dizem que somos reconciliados com Deus. Tal afirmação poderia transmitir a ideia de que houve algum comprometimento da parte de Deus, assim como da parte do homem. As escrituras afirmam cuidadosamente que os crentes são reconciliados “a” (JND) Deus (Rm 5:10; 2 Co 5:20; Ef 2:16; Cl 1:20). É por isso que Paulo diz que “nós” (crentes) alcançamos “a reconciliação”; não diz que Deus alcança a reconciliação (v. 11).
O apóstolo afirma que já fomos “inimigos” de Deus. Um inimigo é aquele que tem inimizade e maus sentimentos em relação àquele que odeia e, consequentemente, se mantém afastado dele. Esta é a condição do homem caído em relação a Deus. Seus maus sentimentos em relação a Deus são acionados pela presença de uma má consciência que o condena como pecador. Isso lhe dá a sensação de haver feito algo errado e o deixa desconfortável em encontrar-se com Deus. A inimizade no coração do homem começou com a queda do homem (Gn 3:15), e tem trabalhado para manter os homens longe de Deus desde então.
Apesar de tal condição prevalecer sobre a raça humana, Deus assumiu a tarefa de removê-la e trazer os homens (crentes) de volta a para Si. Neste quinto capítulo de Romanos, Paulo mostrou que Deus deu o primeiro passo em direção à reconciliação do homem, oferecendo um sacrifício pelo pecado, a fim de fazer com que o homem seja trazido de volta a Ele. Paulo diz: “Mas Deus prova o Seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores” (v. 8).

Pai, Teu soberano amor buscou
Cativos do pecado, foram para longe de Ti;
A obra que o Teu próprio Filho fez
Trouxe-nos de volta à paz e nos fez livres.
L.F. # 331

Paulo explica como Deus remove a inimizade no coração de um pecador – é pela “morte de Seu Filho”. Isso se refere ao fato de que o amor de Deus pela humanidade era tão grande que Ele até daria Seu próprio Filho para trazer os homens de volta a Si! Note que as Escrituras não dizem “a morte de Cristo” ou algum outro título do Senhor Jesus. Elas dizem “a morte do Seu Filho. Isso enfatiza o afeto que existia em Seu relacionamento com Seu Filho. Deus tinha apenas um Filho, e O amava muito, mas Ele O deu para salvar os pecadores! O custo de fazer esse sacrifício, portanto, é incalculável. Quando este grande fato – de que Deus ofereceu Seu amado Filho para levar os homens de volta para Si – atinge o coração do pecador pelo poder do Espírito, seu coração é apertado. Então, aprender por meio do evangelho que a disposição de Deus tem sido favorável ao pecador durante toda a sua vida (mesmo que ele tenha abrigado maus pensamentos em relação a Deus) é mais do que seu coração pode suportar. O amor e a compaixão de Deus conquistam o coração do pecador de tal modo que a inimizade que uma vez ali repousou é dissipada. Todos esses maus sentimentos e ódios são afugentados da alma, e o amor de Deus inunda seu coração. Assim, seus pensamentos para com Deus são todos mudados, e Seu Filho, que voluntariamente Se entregou, torna-Se a Pessoa mais maravilhosa e atraente para ele. Ele uma vez se sentiu desconfortável com a ideia de se encontrar com Deus, mas agora como um crente, está muito confortável em Sua presença e realmente se deleita em lá estar. J. N. Darby observou em relação à reconciliação: “Eu me sinto em casa com Deus. Todos os Seus sentimentos graciosos são para mim, e eu sei disso, e meu coração é trazido de volta para Ele”. Como resultado, o crente exulta em seu novo relacionamento com Deus. “Gloriar-se em Deus” – que é o estado feliz que a reconciliação produz no crente – é verdadeiramente a atitude correta do crente para com Deus. Com isto, nós realmente chegamos a um ponto alto na epístola!

Nós nos alegramos em nosso Deus, e cantamos desse amor,
Tão soberano e livre que fez o seu coração se mover!
Quando perdemos nossa condição, todos arruinados, desfeitos,
Ele viu com compaixão e não poupou o Seu Filho!
LF # 135

Paulo diz: “agora alcançamos a reconciliação” (v. 11). Isso indica que a reconciliação do crente é um fato consumado; não é algo que esteja esperando para quando ele chegar ao céu. A KJV diz que recebemos “a expiação”, mas este é um erro de tradução; deveria dizer “a reconciliação”. Na salvação do homem, é Deus Quem recebe a propiciação e o crente quem recebe a reconciliação.

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