quinta-feira, 4 de outubro de 2018

EDUCAÇÃO ESPIRITUAL NA ESCOLA DE DEUS (Cap. 5:3-8)


EDUCAÇÃO ESPIRITUAL NA ESCOLA DE DEUS (Cap. 5:3-8)

Conforme mencionado anteriormente, as três primeiras coisas que Paulo abordou no capítulo 5 têm a ver com a posição e perspectiva dos crentes. Agora nos versículos 3-8, ele prossegue para falar de coisas que têm a ver com a peregrinação e o caminho dos crentes.
Paulo diz: “E não somente isto, mas também nos gloriamos nas tribulações; sabendo que a tribulação produz a paciência [perseverança – ARA], E a paciência [perseverança – ARA] a experiência, e a experiência a esperança. E a esperança não traz confusão, porquanto o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado”. Nestes versículos, o crente é visto passando por provações e tribulações no caminho da fé, e tirando proveito espiritualmente dessas experiências. Isso mostra que depois de sermos justificados pela fé, Deus nos matricula em Sua escola, onde nos são ensinadas lições divinas por meio de experiências da vida. Estando intensamente interessado no desenvolvimento moral e espiritual de Seus filhos, imediatamente após sermos salvos, Deus começa uma obra em nós para nos conformar à imagem de Seu Filho (Rm 8:29). Seu amor é tal que não nos deixa no estado em que Ele nos encontra, mas Se compromete a realizar uma renovação moral de nossos seres, usando a pressão externa de provações e tribulações na vida para realizá-la. Este é outro benefício resultante de ser justificado pela fé.
O aspecto do ensino espiritual em vista aqui não é o lado intelectual da verdade – o que poderíamos chamar de “aprendizado de livros”. Embora o ministério escrito seja valioso e útil para edificar os santos na mais santíssima fé (Jd 20), essas lições espirituais não são aprendidas por esse meio. Essas lições têm a ver com o desenvolvimento do caráter Cristão, e elas só podem ser aprendidas por meio das “tribulações” (provações) da vida. J. N. Darby observou que “provações não podem por si mesmas conferir graça, mas sob a mão de Deus podem quebrar a vontade e detectar males ocultos e não suspeitados, que, se julgados, a nova vida será mais plenamente desenvolvida e Deus terá um lugar maior no coração. Além disso, pela tribulação a humilde dependência é ensinada e, como resultado, há menos confiança em si mesmo e na carne, e uma conscientização de que o mundo não é nada, e o que é eternamente verdadeiro e divino, tem um lugar maior na alma”. Assim, tribulações (provações) têm uma maneira de nos desconectar de nossos recursos materiais e posições na vida, e nos conectar mais conscientemente com o que é espiritual e eterno. Por meio de provações, aprendemos lições valiosas sobre nós mesmos e sobre nosso grande Deus; aprendemos sobre nossa própria insuficiência e sobre Sua Toda-Suficiência. E essas coisas nos levam a uma apreciação mais profunda do amor de Deus e a um relacionamento mais íntimo com o Senhor Jesus Cristo.
A jornada dos filhos de Israel no deserto tipifica esse aspecto de nossa educação espiritual. De fato, esses versículos em Romanos 5 têm sido chamados frequentemente de “A Jornada do Deserto do Cristão”. No Mar Vermelho, o Senhor tirou Israel do Egito, mas no deserto, Ele tirou o Egito de Israel – ou pelo menos esse era Seu desejo. O primeiro é um ato; o segundo é um processo. Da mesma forma, quando o Senhor nos toma e nos salva, Ele tem muito a fazer em nós no sentido de remover coisas que são inconsistentes com Seu caráter (Sl 139:3; Pv 25:4). Frequentemente há motivos e princípios mundanos em nós que podemos não estar conscientes, os quais Ele Se compromete, com cuidado e precisão divinos, a remover por meio da pressão das provações. Deus não trouxe pecado, tristeza e problemas ao mundo, mas agora que essas coisas estão aqui, Ele as utiliza para nos ensinar lições importantes em Sua escola – lições de obediência, dependência, etc.

No deserto Deus te ensinará
Que Deus você encontrou,
Paciente, gracioso, poderoso, santo,
Toda a Sua graça abundará.
L.F. # 76

V. 3 – Paulo, portanto, declara: “nos gloriamos [regozijamos] nas tribulações”. Esta é a fé falando da perspectiva do que caracteriza a experiência Cristã normal. Na verdade, nosso estado pode ser pobre, e podemos reclamar em vez de nos regozijar quando as provações surgem em nosso caminho, mas ele não está falando aqui de um estado Cristão anormal. Paulo diz: “nos gloriamos”, não porque os Cristãos gostam de provas, mas porque sabemos que todas essas provações e tribulações trabalham para nosso proveito espiritual (Rm 8:28; 2 Co 4:17). Sob Seu ensinamento divino, somos capazes de nos beneficiar das experiências pelas quais passamos na vida, e é por isso que os Cristãos podem se alegrar em tais ocasiões (Tg 1:2). Sendo assim, sabendo que estas coisas foram permitidas por Deus para o nosso proveito espiritual, quando nos deparamos com provações, em vez de dizer: “Como posso sair disto?” deveríamos estar dizendo: “O que posso tirar disso?” Deus quer que sejamos exercitados sobre as provas que ocorrem em nossas vidas e que tiremos proveito espiritual delas.
Paulo então fala de uma cadeia de coisas positivas que resultam quando as provações são aceitas apropriadamente das mãos de Deus em fé. Ele diz: “a tribulação produz a paciência [resistência - JND]. Resistência traz a ideia de perseverança (constância) no caminho da fé – isto é, ser capaz de continuar, mesmo diante de oposição. Já que tudo sobre o Cristianismo é contrário ao curso do mundo, o Cristão deve viver sua vida contra a correnteza, e a importante qualidade da “resistência” ou firmeza é necessária. As provações têm uma maneira de intensificar nossas convicções naquilo em que acreditamos e, assim, preparar-nos mentalmente para resistir à oposição a elas relacionada.
V. 4 – Paulo acrescenta uma segunda coisa – “E a paciência [resistência] a experiência”. Suportando uma provação com o Senhor, o crente ganha experiência prática nos caminhos de Deus. “Experiência” significa “prova prática”. Refere-se ao processo de aprendizagem no caminho da fé, por meio do qual adquirimos conhecimento prático de Deus e de Seus caminhos. Provamos por experiência que Ele é tão bom quanto a Sua Palavra. Cada experiência com Deus fortalece nossa confiança n’Ele. Aprendemos de maneira prática de Suas ternas misericórdias e cuidados, e apreciamos essas experiências e refletimos sobre elas, e um dia as levaremos conosco para o céu. Um irmão jovem certa vez perguntou a um irmão mais velho: “Como uma pessoa obtém experiência?” O irmão mais velho respondeu: “Obtemos experiência por meio de experiência; não há outra forma”.
Paulo acrescenta uma terceira coisa: “e a experiência a esperança. Essas experiências com o Senhor não apenas fortalecem nossa fé e confiança em Deus; elas também tornam nossos corações para o céu – em direção à nossa “esperança”. O resultado é que ela brilha mais em nossos corações e é mais real para nós, e assim vivemos mais em vista ela. A “esperança da glória” (v. 2) – a percepção de que nossa glorificação está muito próxima – nos dá nova energia para suportar por “um poucochinho de tempo” (Hb 10:37). Se perdermos de vista essa esperança, em época de provações correremos o risco de desistir, em vez de resistir. Paulo diz que o crente não fica “envergonhado” de sua esperança, porque – como resultado da fé do crente sendo fortalecida por meio da experiência das provações – ele sabe que está firme e seguro.
V. 5 – O quarto elo nesta cadeia de características Cristãs que Deus forma em Seu povo por meio de provações é que elas têm uma maneira de produzir uma noção mais profunda do amor de Deus na alma. Paulo diz que por meio dessas coisas o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado”. Note, ele não está falando do nosso amor por Deus, mas do amor de Deus por nós. É o desejo de Deus que tenhamos uma noção mais intensa e mais profunda de Seu amor em nossas almas, e essas experiências fazem isso. Note também: Paulo não está se referindo ao crente receber Espírito Santo – chamado de selo (Ef 1:13, 4:30), ou da unção (1 Jo 2:20, 27), ou do penhor (2 Co 5:5; Ef 1:14), que ocorre quando uma pessoa crê no evangelho (2 Co 1:22) – mas de um novo sentimento de Seu amor enchendo nossos corações. É isso que motiva a vida Cristã; nós fazemos o que fazemos para o Senhor porque o Seu amor nos constrange (2 Co 5:14-15).
Vs. 6-8 – Tendo falado da possessão do amor de Deus em nossos corações (v. 5), Paulo continua falando da qualidade e caráter desse amor. Ele compara o poderoso amor de Deus com o amor dos homens. “Porque Cristo, estando nós ainda fracos, morreu a Seu tempo pelos ímpios. Porque apenas alguém morrerá por um justo; pois poderá ser que pelo bom alguém ouse morrer. Mas Deus prova o Seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores”. Deus demonstrou Seu surpreendente amor na entrega de Seu Filho. Seu amor é tal que Ele nos amou quando não havia nada em nós para amar. Em nosso estado perdido, éramos “ímpios” (v. 6), “pecadores” (v. 8) e até “inimigos” de Deus (v. 10), mas Deus nos amou e deu Seu Filho para nos redimir! Não poderia haver maior demonstração de amor do que essa! Ao declarar que Cristo morreu “por nós”, Paulo está se concentrando no lado substitutivo de Sua obra na cruz – Cristo tomando nosso lugar sob o julgamento de Deus (1 Pe 3:18 – “o Justo pelos injustos”).
Comparando este grande amor de Deus com o amor dos homens, Paulo mostra que o amor do homem precisa de um motivo para agir (Lc 6:32; Jo 15:19). No modo de pensar do homem natural, a pessoa deve mostrar-se digna de amor. Paulo dá alguns exemplos – uma pessoa deve ser um homem “justo” ou pelo menos um homem “bom”. Em raras ocasiões, os homens ousarão morrer por essas pessoas, por verem nelas algo digno de seu amor. Contudo, os homens não amarão nem morrerão por um assassino ímpio, etc. – tal é o caráter do amor humano. O amor divino, por outro lado, age quando não há nada em seu objeto que seja amável. E isso foi demonstrado no fato de que Cristo “morreu a Seu tempo pelos ímpios” (v. 6). Assim, o amor de Deus é incomparável ao amor dos homens e é infinitamente maior. Contemplar e meditar sobre esse amor produzirá uma transformação de caráter em nossa vida, de impiedade à semelhança de Cristo (2 Co 3:18).
 Assim, vemos dessas coisas que nossa educação na escola de Deus é muito diferente da nossa justificação. 
  • A justificação é algo que Deus faz por nós (vs. 1-2).
  • A educação espiritual tem a ver com a nossa conformidade com Cristo e é algo que Deus faz em nós (vs. 3-8).


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